O governo francês e os líderes políticos de Córsega concordaram nesta terça-feira (12) em reformar a Constituição para incluir o “reconhecimento de um estatuto de autonomia” para esta ilha do Mediterrâneo “dentro” da França.

Esta decisão considera os “interesses próprios vinculados à sua insularidade mediterrânea e à sua comunidade histórica, linguística e cultural que desenvolveu um vínculo único com a sua terra”, diz o texto.

Em um país menos descentralizado que os seus vizinhos Espanha e Alemanha, o governo e os políticos também concordaram que “as leis e os regulamentos podem ser adaptados” na ilha, disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin.

No entanto, o acordo não satisfez todos os partidos, especialmente a oposição de direita, que controla o Senado e que o considera um “passo perigoso”, nas palavras do seu líder na câmara alta, Bruno Retailleau.

“Se aceito, este projeto será objeto de propostas idênticas de outras regiões e levará à fragmentação da França”, alertou à AFP o senador de direita Jean-Jacques Panunzi.

“Não há separação de Córsega” porque “nem o povo [corso], nem o estatuto de residente, nem a natureza co-oficial da língua são evocados”, sublinhou Darmanin, em referência às reivindicações tradicionais dos nacionalistas corsos.

O parlamento regional de Córsega agora deve se pronunciar sobre este projeto que, por se tratar de uma reforma constitucional, deve ser aprovado pelo Senado e pela Assembleia Nacional (câmara baixa) franceses.

Em março de 2022, os distúrbios em Córsega devido ao ataque brutal e subsequente morte de um separatista corso preso pelo assassinato de um prefeito em 1998 forçaram o governo a oferecer um processo de diálogo, porque nas palavras do presidente Emmanuel Macron, era necessário encontrar uma “solução política”.

A situação administrativa na França da quarta maior ilha do Mediterrâneo, onde Napoleão Bonaparte nasceu em 1769, evoluiu ao longo do tempo: de fazer parte de uma região com Marselha a alcançar um estatuto especial.

Desde janeiro de 2018, a Córsega é considerada uma comunidade territorial, que combina funções departamentais e regionais, e administranovas competências como esporte, transportes, cultura e meio ambiente.

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