França enfrenta risco de rebaixamento da nota da sua dívida

A agência Fitch deve anunciar, nesta sexta-feira (12), a classificação de risco soberano da França, em meio a temores de um rebaixamento devido à incerteza política e orçamentária na segunda maior economia da UE.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro, François Bayrou, caiu ao buscar apoio do Parlamento a seu plano orçamentário para 2026, que previa reduzir o déficit (5,8% do PIB em 2024) e a dívida pública (cerca de 114%).

O presidente, Emmanuel Macron, nomeou rapidamente seu homem de confiança Sébastien Lecornu como novo primeiro-ministro, com a missão de aprovar um orçamento para 2026 e conquistar estabilidade negociando com as forças políticas.

Este novo episódio da profunda crise política que a França vive desde 2024, quando uma eleição antecipada decidida por Macron deixou uma Assembleia Nacional (câmara baixa) sem maiorias, ocorreu dias antes da nota da Fitch.

Em março, a agência manteve a classificação de risco soberano da França em AA- com perspectiva negativa, mas advertiu que a rebaixaria se não apresentasse um “plano crível” de médio prazo.

Sem plano, a França corre o risco de ver sua classificação cair nesta sexta-feira para a categoria A, o que pode elevar as taxas de juros e tornar o pagamento a credores a maior despesa orçamentária.

Para Eric Dor, diretor de estudos econômicos da IESEG School of Management, um rebaixamento seria “lógico” diante da situação política e porque 17 países europeus têm uma nota pior do que a França, apesar dos cofres mais saudáveis.

A dívida francesa já é negociada a uma taxa muito mais alta que a alemã, superando inclusive pontualmente a italiana. Os mercados já lhe atribuem uma nota “implícita” mais baixa, estima Anthony Morlet-Lavidalie, do instituto Rexecode.

No entanto, outros economistas consideram que a rápida nomeação de Lecornu, que já iniciou as consultas políticas para o próximo orçamento, poderia adiar um eventual rebaixamento.

Mesmo que seja rebaixada para A+, a dívida continuaria sendo de “muito boa qualidade”, aponta Hadrien Camatte, economista do Natixis, que destaca a “forte poupança das famílias e a posição das empresas que continuam sendo muito saudáveis”.

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