França e Alemanha pediram nesta sexta-feira (17) a intensificação do apoio à Ucrânia, invadida por tropas russas há quase um ano, durante a Conferência de Segurança de Munique, da qual o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, participou por videoconferência.

A poucos dias de completar um ano da invasão russa da Ucrânia, o chefe das milícias russas do grupo Wagner garantiu que suas tropas conquistaram a vila de Paraskoviivka, que faz fronteira com a cidade sitiada de Bakhmut, no leste da Ucrânia.

Até o momento, a AFP não conseguiu verificar essas informações com fontes independentes.

As tropas russas e o grupo Wagner tentam há seis meses conquistar Bakhmut, cidade que ganhou valor simbólico devido à duração e intensidade dos combates.

Ao abrir a Conferência de Segurança de Munique, o presidente Zelensky lembrou que muitas vidas estão em jogo e pediu mais agilidade ao apoio à Ucrânia.

“Precisamos acelerar. Velocidade para concluir nossos acordos, velocidade nas entregas para fortalecer nossa luta, velocidade de decisões para limitar o potencial russo. Não há alternativa à velocidade, porque dela depende a vida”, discursou.

Desde o início da ofensiva, o número de mortos chega a dezenas de milhares e a Otan teme uma nova ofensiva russa.

Por enquanto, não há sinais de que os combates terminarão tão cedo e as chances de uma resolução diplomática do conflito são quase inexistentes.

Nesse contexto, Zelensky afirmou que “não há alternativa a não ser a vitória ucraniana” e denunciou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, “tenta ganhar tempo para sua agressão”.

“Está claro que a Ucrânia não será sua última etapa. Ele vai continuar (a ofensiva) para outros Estados do ex-bloco soviético”, afirmou.

– “O tempo que for necessário” –

O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, que participou desta conferência anual de três dias sobre questões de segurança internacional, garantiu apoio da Alemanha à Ucrânia, tanto financeiro como humanitário e militar. Também afirmou que Berlim e seus aliados apoiarão os ucranianos “o tempo que for necessário”.

O chanceler pediu aos países ocidentais capazes de enviar tanques a Kiev “que o façam agora”.

O presidente francês, Emmanuel Macron, também pediu aos aliados ocidentais que aumentem o apoio à Ucrânia.

“Temos que intensificar nosso apoio e nossos esforços para ajudar a Ucrânia e permitir uma contraofensiva”, disse Macron durante a conferência.

Macron também previu que o fim da guerra ainda está longe. “Estamos preparados para um conflito prolongado”, declarou.

Os líderes das duas principais potências da União Europeia (UE) se reuniram com o presidente polonês, Andrzej Duda, à margem da conferência e Scholz agradeceu a “boa cooperação” entre os três países em seu apoio à Ucrânia.

Durante sua participação na conferência, o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, apoiou o pedido da Ucrânia para ingressar na UE, dizendo que o “caminho normal de adesão” deveria ser abandonado.

“Precisamos que a Ucrânia faça parte da União Europeia e, eventualmente, da Otan também. Do nosso ponto de vista, quanto mais cedo melhor”, declarou.

Mais de 150 representantes governamentais participaram desta reunião. Os delegados russos não foram convidados.

Também compareceram à conferência o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi; a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris; o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken; o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, que deixará o cargo no fim do ano.

– Nova sanções –

Os Estados Unidos e seus aliados preparam “um novo grande pacote de sanções” que será colocado em prática por volta de 24 de fevereiro, disse Victoria Nuland, secretária de Estado adjunta, na quinta-feira.

As drásticas sanções já em vigor contra a Rússia afetam os mais altos escalões do Estado, assim como sua indústria, seus bancos e seu setor petrolífero.

As tensões entre EUA e China, agravadas pelo voo de um balão chinês em território americano, também poderão ser debatidas no encontro.

A China afirma que o balão era para uso civil e retaliou ao acusar os americanos de lançar balões sobre seu território. O incidente levou Blinken a adiar sua visita à China.

Os países europeus, principalmente Alemanha e França, continuam tentando convencer a China, aliada de Moscou, a pressionar Putin para acabar com a guerra.

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