PARIS, 26 MAI (ANSA) – O Conselho Nacional para a Saúde Pública da França (HCSP) recomendou nesta terça-feira (26) que médicos não usem a hidroxicloroquina no tratamento contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) no país. Os medicamentos devem ser usados apenas nos casos de pesquisas clínicas controladas que estão sendo realizadas, 16 ao todo, e novos pacientes não devem ser incluídos nos estudos.

O anúncio foi feito após o ministro da Saúde, Olivier Véran, enviar uma solicitação formal sobre o uso da droga após a publicação da maior pesquisa sobre o tema até o momento, com 96 mil pacientes em todo o mundo, publicada na sexta-feira (22) na revista científica “The Lancet”. No documento, houve a conclusão de que tanto a cloroquina como a hidroxicloroquina não têm benefícios na cura e ainda aumentam o risco de morte e de arritmias cardíacas.

Após a divulgação da recomendação, a Agência Nacional de Remédios (ANSM) informou que vai suspender por “precaução” novos testes clínicos “no aguardo de uma nova avaliação global dos riscos/benefícios dessa molécula nos testes”. “Os pacientes já com o tratamento em curso no quadro dos testes clínicos a base de hidroxicloroquina poderão seguir o protocolo até o fim”, acrescentou a ANSM.

A França foi o primeiro país europeu a usar a hidroxicloroquina como tentativa de curar a Covid-19. Os primeiros testes foram feitos no hospital de Marselha, pelo médico Didier Raoult, que criticou a decisão das maiores entidades sobre medicamentos. “Eu aceito tudo. Mas quem me critica não é médico. Eu tive batalhas no Conselho da Ordem Médica e continuarei. Não tem o direito de impedir um médico de tentar curar. Eu tinha dúvidas no início, mas agora não tenho mais. Estamos muito além do aceitável”, disse Raoult em uma entrevista completa que será publicada nesta quarta-feira (27) no jornal “L’Express”.

Sobre as pesquisas que mostram resultados negativos da hidroxicloroquina feitas em vários lugares do mundo, como a da “The Lancet”, Raoult diz que as críticas vêm “porque vocês não sabem ler os estudos”. “Eu sei ler. Em dois dos estudos publicados, não há nem as doses usadas e nem a duração do tratamento”, concluiu. (ANSA)