10/01/2020 - 11:07
O governo francês, que não alcançou um acordo com os sindicatos após cinco semanas de greves devido a controversa reforma da Previdência, anunciou que apresentará “propostas concretar” no sábado, em busca de um acordo.
“Avançamos”, declarou o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, após se reunir nesta sexta-feira (10) com os sindicatos.
“Amanhã enviarei por escrito às organizações sindicais e patronais propostas concretas que poderiam ser a base de um acordo”, afirmou.
Philippe se reunirá esta noite com o presidente Emmanuel Macron.
Laurent Berger, secretário-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), também acenou para a possibilidade de uma aproximação ao afirmar que o primeiro-ministro tinha dado sinais de abertura em relação à controversa proposta de fazer os franceses trabalharem até os 64 anos para obter aposentadoria integral – dois anos a mais que a idade oficial atual.
Contudo, outros sindicatos, que pedem a queda total da reforma, se mostraram menos otimistas e pediram uma ampliação das manifestações e paralisações.
Há cinco semanas a França está imersa em um conflito social contra uma reforma do sistema previdenciário, impulsionada pelo presidente Macron, que levou à mais longa greve dos transportes ferroviários na história do país.
Professores, médicos, enfermeiros, advogados e até bailarinos da Ópera de Paris se uniram à greve contra esta reforma, que também visa eliminar os 42 esquemas de aposentadoria existentes atualmente, organizados por profissões, e fundi-la em um único.
No entanto, nas últimas semanas, o governo já fez uma série de concessões para policiais e militares, além de pilotos e controladores de tráfego aéreo, permitindo que eles continuem se aposentando mais cedo.
– Manifestações e bloqueios –
Para manter a pressão sobre o executivo, os sindicatos convocaram um novo dia de protestos e greves em todo o país no sábado.
Na quinta-feira, 452.000 pessoas, segundo o Ministério do Interior, 1,7 milhão, segundo os sindicatos, se manifestaram por toda a França, pela quarta vez em cinco semanas.
“Temos que intensificar nossas ações e outros setores precisam assumir”, disse Benoit Teste, do sindicato dos professores da FSU, na quinta-feira.
O sindicato da CGT, o maior entre os trabalhadores do setor público, começou esta semana a bloquear refinarias e tanques de combustível, aumentando o medo de uma escassez de combustível.
Ele também pediu um bloqueio, a partir de segunda, de importantes centros de distribuição de bilhetes na região de Paris – por onde passa mais de um quarto dos bilhetes em circulação no país.
Os serviços ferroviários e o metrô de Paris operavam parcialmente nesta sexta-feira, quando a greve dos transportes, a mais longa da história da França, completa 37 dias.
Em Marselha, a principal estação de trem ficou paralisada por duas horas pela manhã, depois que um grupo de cem manifestantes se colocou nos trilhos do trem.
A Previdência é um assunto delicado na França, onde a população é muito apegada a um sistema de divisão conhecido, até hoje, por ser um dos mais protetivos do mundo.
Várias pesquisas mostram que o apoio da opinião pública aos manifestantes recuou nos últimos dias, oscilando entre 44% e 60%.