A França assinalou nesta terça-feira (29) que os extremistas franceses detidos na Síria podem retornar ao país para evitar que fujam, após a retirada anunciada das tropas americanas desta nação devastada pela guerra.

“Dada a evolução da situação militar no nordeste da Síria, as decisões americanas e para garantir a segurança dos franceses, estamos analisando todas as opções para evitar a fuga e dispersão destas pessoas potencialmente perigosas”, destacou o Ministério francês das Relações Exteriores em um comunicado.

“Se as forças que fazem a custódia dos combatentes franceses tomarem a decisão de expulsá-los para a França, serão levados imediatamente à Justiça”, acrescentou.

Cerca de 130 homens, mulheres e crianças de nacionalidade francesa estão nas mãos das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança curdo-árabe de milicianos que lutam contra o grupo Estado Islâmico (EI) junto com a coalizão internacional antiextremista dirigida pelos Estados Unidos, segundo fontes francesas.

“Essas pessoas se uniram voluntariamente a uma organização terrorista que (…) cometeu atentados na França e continuam nos ameaçando”, acrescentou.

Não obstante, fontes do governo francês disseram à AFP que, por enquanto, não tomaram nenhuma decisão e que tudo dependerá do ritmo de retirada dos americanos.

Este anúncio traduz uma importante mudança na política francesa sobre o retorno ao país de homens e mulheres que foram combater na Síria, muitos dos quais se uniram ao EI.

Até agora, a França contemplava apenas o retorno das crianças, mas sem seus pais, que, na sua opinião, deveriam responder por seus atos diante das autoridades locais e cumprir suas penas neste país.

Mas depois que Donald Trump anunciou a retirada total dos 2.000 soldados americanos mobilizados na Síria, as zonas curdas poderiam se tornar alvo de uma ofensiva turca ou retornar sob o controle do regime de Damasco, o que desperta temores por uma dispersão dos extremistas estrangeiros.

As FDS não pediram aos franceses que repatriem seus cidadãos. Mas disseram que se tiverem que combater em outras frentes terão preocupações mais urgentes do que se ocupar de seus prisioneiros estrangeiros.

Antecipando-se a isto, alguns países já repatriaram parte de seus cidadãos.