França confirma desejo de adiar acordo Mercosul-UE para 2026

PARIS, 16 DEZ (ANSA) – O governo da França reiterou nesta terça-feira (16) que não está satisfeito com o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia e que tentará impedir a votação do tratado, prevista para os próximos dias.   

“Não somos contrários a acordos de livre comércio em geral, mas temos de ser capazes de garantir a tutela de nosso mercado interno e a proteção de nossas empresas e de nossos agricultores contra a concorrência desleal”, declarou o ministro francês de Relações Europeias, Benjamin Haddad, antes de uma reunião ministerial da UE em Bruxelas.   

A França exige três condições para aprovar o pacto: uma cláusula de salvaguarda contra flutuações excessivas nos preços e nas importações de produtos agropecuários do Mercosul; a proibição à compra de mercadorias feitas com pesticidas e aditivos vetados na União Europeia; e a possibilidade de efetuar controles fitossanitários em itens importados e nos próprios países exportadores.   

“Essas são as três condições que apresentamos à Comissão Europeia muitos meses atrás e que hoje não estamos vendo. Por isso pedimos um adiamento [da votação do acordo]”, acrescentou Haddad.   

Além disso, o Palácio do Eliseu, sede da Presidência da França, disse que o presidente Emmanuel Macron reiterou aos líderes da UE que o tratado de livre comércio não é útil para o setor agrícola do país.   

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, planeja viajar ao Brasil no sábado (20) para assinar o acordo, que criaria a maior área de livre comércio do mundo. No entanto ela precisa primeiro do aval dos Estados-membros da UE, e a França, segunda maior economia do bloco, solicitou um adiamento da votação para 2026.   

A aprovação requer uma maioria qualificada de pelo menos 15 dos 27 membros da União, desde que representem no mínimo 65% da população. Alemanha e Espanha defendem o acordo e querem assiná-lo ainda em 2025, enquanto Hungria e Polônia se opõem.   

Nesse cenário, o papel da Itália, terceiro país mais populoso da UE, pode ser decisivo. O governo de Giorgia Meloni diz defender o pacto com o Mercosul, porém também tem feito ressalvas a respeito dos efeitos no setor agropecuário e já deu indícios de que não se importaria de votá-lo no ano que vem.   

“Se der tempo [de assinar em 20 de dezembro], então quanto antes, melhor. Se não der, significará que precisaremos de mais tempo, mas o objetivo da Itália é proteger o sistema produtivo europeu”, afirmou recentemente o ministro italiano da Agricultura, Francesco Lollobrigida. (ANSA).