O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou, nesta segunda-feira (25), que seu país reduzirá em 30% a “dependência” em produtos fitossanitários na agricultura, dias após a Comissão Europeia propor a renovação da autorização do glifosato por 10 anos.

Macron fez esse anúncio após uma reunião do governo centrada em sua estratégia para uma “ecologia à francesa”, que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa de forma “soberana” e sem afetar a competitividade.

O objetivo de seu plano ecológico é acelerar a redução das emissões de gases de efeito estufa até 2030, alcançando a meta de uma redução de 55% em relação a 1990.

“Ter uma ecologia acessível significa nunca deixar os agricultores sem soluções. Essa é a política que adotamos para o glifosato”, afirmou o presidente, referindo-se ao uso de produtos fitossanitários.

“Na França, vamos reduzir nossa dependência em 30%, algo único na Europa”, anunciou Macron. Para compensar essa redução, Macron mencionou o lançamento de “uma estratégia de investimento em pesquisa e apoio”.

Em 2017, o presidente liberal se comprometeu a acabar com o uso do glifosato “o mais tardar” no início de 2021, antes de voltar atrás. Desde então, ele estabeleceu como objetivo limitar a maioria de seus usos.

Em 2020, a agência de saúde Anses anunciou restrições progressivas para seu uso na agricultura, uma vez que seu uso por particulares está proibido desde 2019.

Na última quarta-feira, a Comissão Europeia propôs aos países da União Europeia (UE) estender por 10 anos a autorização atual do glifosato, que expirou no final de 2022, mas foi prorrogada por um ano, embora seu uso seja controverso.

O glifosato, substância ativa de vários herbicidas, foi classificado em 2015 como “provavelmente cancerígeno” para seres humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, da Organização Mundial da Saúde.

No entanto, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) avaliou que o nível de risco não justifica a proibição de seu uso, mas defendeu a implementação de “medidas de mitigação de riscos” nas áreas próximas às zonas pulverizadas.

Por outro lado, a Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA) determinou no ano passado que as evidências científicas disponíveis não permitiam classificar o glifosato como cancerígeno.

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