O Exército francês matou no norte do Mali um líder extremista do grupo Al-Qaeda no Magreb Islâmico (Aqmi), responsável pelo sequestro e assassinato em novembro de 2013 de dois jornalistas franceses – anunciou a ministra da Defesa, Florence Parly, nesta sexta-feira (11).

A eliminação do extremista aconteceu no sábado passado, 5 de junho, quando os militares da operação Barkhane detectaram “a preparação de um ataque terrorista em Aguelhok, norte do Mali”, relatou a ministra.

Na operação, morreram “quatro terroristas”, incluindo Baye Ag Bakabo, líder do Aqmi e responsável pelo sequestro dos repórteres da Rádio França Internacional (RFI) Ghislaine Dupont e Claude Verlon.

“Sua neutralização põe fim a uma longa espera”, afirmou a ministra, dirigindo “seu pensamento aos familiares” dos dois jornalistas.

Em 2 de novembro de 2013, os dois franceses, com 57 e 55 anos, respectivamente, foram sequestrados durante uma reportagem e foram mortos, poucos meses após a operação francesa Serval destinada a conter uma coluna armada de extremistas que ameaçava a capital Bamako.

Seus corpos foram encontrados menos de duas horas depois, a uma dúzia de quilômetros de distância. Em 6 de novembro, Aqmi assumiu a responsabilidade pelo crime. Mas as circunstâncias precisas de suas mortes nunca foram esclarecidas.

No mês passado, seus parentes pediram “um debate público no Parlamento” sobre o “sigilo de defesa” que, segundo eles, dificultava a investigação do caso.

Pouco antes, a ex-relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais Agnès Callamard também expressou sua “profunda preocupação com a falta de justiça” na investigação na França sobre esse duplo homicídio.

Ela lamentou, em particular, a ausência de um mandado de prisão internacional, apesar da identificação de suspeitos “há vários anos”. Apontou ainda “a ausência de cooperação por parte das autoridades militares francesas – no âmbito da proteção do sigilo de defesa – e das autoridades do Mali”.

Baye Ag Bakabo não é o primeiro membro do “jihadismo” do Sahel a ser abatido pelas forças francesas. O líder histórico do Aqmi, o argelino Abdelmalek Droukdal, foi morto em junho.

Um destino também reservado em novembro a Ba Ag Moussa, descrito como o “líder militar” do Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM), afiliado à Al-Qaeda, e um “quadro histórico do movimento extremista islâmico no Sahel”.

Nesta sexta-feira, Parly comemorou este novo sucesso, que, segundo ela, “ilustra uma das principais prioridades da França no Sahel: derrubar os principais líderes dos grupos terroristas que abundam na região” – o GSIM e o EIGS (Estado Islâmico no Grande Saara), ligado ao Estado Islâmico (EI).

Também permite às autoridades francesas legitimar a grande mudança estratégica anunciada na quinta-feira (10) pelo presidente Emmanuel Macron.

A força Barkhane está prestes a ser encerrada e será substituída por um apoio internacional mais leve às tropas locais.

A França não quer mais garantir a segurança de extensas regiões, onde os Estados não conseguem se manter firmes, para se concentrar na luta direcionada contra os líderes extremistas.

“O objetivo permanece: a França continua comprometida com o terrorismo internacional, ao lado dos países do Sahel, e pela segurança da Europa e da França”, concluiu Parly.