A Justiça francesa absolveu, nesta quinta-feira (10), duas mulheres que afirmaram nas redes sociais que Brigitte Macron, esposa do presidente Emmanuel Macron, era transexual, um boato que se tornou viral nos Estados Unidos.
O questionamento do sexo biológico de esposas de governantes ou ex-primeiras-ministras é uma tática de desinformação frequentemente usada nas redes sociais para enfraquecer lideranças políticas.
A ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama ou Begoña Gómez, esposa do presidente do governo espanhol Pedro Sánchez, foram alvos desses tipos de rumores.
Desde a eleição de Macron em 2017, teorias conspiratórias nas redes sociais afirmam que Brigitte nunca existiu, mas sim que seu irmão Jean-Michel Trogneux adquiriu essa identidade após mudar de sexo.
As mulheres julgadas contribuíram para sua divulgação em 2021 durante uma longa “entrevista” no canal Youtube da primeira, a “médium” Amandine Roy, à segunda, a “jornalista independente autodidata” Natacha Rey.
Em sua conversa sobre esta “mentira de Estado”, ambas falaram das operações às quais Brigitte Macron teria sido submetida, asseguraram que ela não é a mãe de seus três filhos e deram detalhes pessoais sobre seu irmão.
Em setembro, a justiça condenou ambas a pagar 8 mil euros (51.146,40 reais) à esposa do presidente e 5 mil euros (cerca de 32 mil reais) a Jean-Michel Trogneux, por difamação.
No entanto, elas recorreram da sentença e o tribunal de apelação de Paris as absolveu nesta quinta-feira. O advogado dos denunciantes, Jean Ennochi, expressou seu desacordo com a decisão e anunciou que estudarão se vão recorrer.
“Natacha Rey, perseguida, assediada, condenada. Mas finalmente absolvida”, celebrou seu advogado, François Danglehant, à saída da sala diante de cerca de trinta apoiadores da mulher.
Brigitte Macron denunciou os fatos no início de 2022, mas o alcance do boato foi muito maior. Nos Estados Unidos, se tornou viral entre a extrema direita em plena campanha da eleição presidencial de 2024.
“O pior são as notícias falsas e os argumentos inventados, com pessoas que acabam acreditando neles e que te afetam, até mesmo na sua identidade”, confessou Emmanuel Macron.
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