Fragmentos de Luzia, fóssil humano de 12.000 anos considerado a joia da coleção do Museu Nacional do Rio de Janeiro, devastado por um incêndio no início de setembro, foram encontrados nos escombros, informou nesta sexta-feira (19) a direção do estabelecimento.

“O crânio foi encontrado fragmentado. Já achamos praticamente todo o crânio e 80% dos fragmentos já foram identificados e podemos aumentar esse número”, disse Alexander Kellner, diretor do museu.

Um fragmento do fêmur também foi encontrado.

Fóssil humano mais antigo do Brasil, Luzia foi descoberto em 1970 no estado de Minas Gerais, durante uma missão liderada pela antropóloga francesa Anette Laming-Emperaire.

A partir de seu crânio, pesquisadores da Universidade de Manchester, na Grã-Bretanha, conseguiram fazer uma reconstrução digital de seu rosto, o que inspirou uma escultura em exibição no museu.

Esta escultura virou cinzas em 2 de setembro, juntamente com a maioria das mais de 20 milhões de peças do museu, mas os fragmentos originais do crânio, guardados numa caixa de metal dentro de um armário, foram encontrados.

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“Os pedaços foram achados há alguns dias. Eles sofreram alterações, danos, mas estamos muito otimistas com o achado e tudo o que ele representa”, declarou Cláudia Rodrigues, professora do Museu Nacional, envolvida nas buscas.

Considerado o principal museu de história natural da América Latina, o Museu Nacional do Rio de Janeiro, que celebrou seu bicentenário em junho, era reconhecido pela riqueza de suas coleções de paleontologia.

O antigo palácio imperial abrigava o esqueleto de um dinossauro encontrado em Minas Gerais e 26.000 fósseis de outras espécies extintas, como o tigre-dentes-de-sabre.

O incêndio chocou profundamente o Brasil e a comunidade científica em todo o mundo.

A negligência do poder público foi apontada como responsável por essa catástrofe vista como uma “tragédia anunciada” por causa da falta de recursos destinados à manutenção das instalações culturais no Brasil.


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