São Paulo, 10 – Um dos anseios da cadeia produtiva do cacau é que as pesquisas sobre o setor estejam mais alinhadas com as reais necessidades dos produtores no campo. Durante o debate que encerrou o Fórum Estadão sobre o cacau, na manhã desta quinta-feira, 10, em São Paulo, os participantes ressaltaram esta necessidade. “O problema é financiar anseios de todos os pesquisadores, eles acham tudo interessantíssimo e trazem resultados fantásticos, mas o produtor olha aquilo e pensa: ‘O que faço com isso?’. Se a gente não traz pesquisa aplicada, vejo muita dificuldade”, afirmou Patrícia Morales, diretora executiva da Agrícola Conduro. O representante da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Guilherme Moura, afirmou que houve um salto tecnológico no segmento agropecuário brasileiro, mas que o cacau ficou à margem disso. Ele ressaltou que o País é um dos poucos que reúnem no mesmo lugar potencial de produção, pesquisa, processamento e consumo. Além disso, afirmou que, neste mesmo período, a cultura cacaueira evoluiu em outras regiões produtoras do mundo. “Quando você tem um ambiente de transparência e governança participativa, acaba atraindo capital privado. A gente tem de criar um ambiente de pesquisa com recursos privados e públicos”, disse. A parceria público-privada foi um ponto de concordância no debate. Para os representantes do setor, este é um dos principais caminhos para que o setor possa evoluir, como ressaltou Eduardo Bastos, diretor executivo da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). Para a pesquisadora da Unicamp Priscilla Efraim, a resposta para juntar universidade e setor produtivo é o desenvolvimento de parcerias e contatos. Durante o debate, a pesquisadora destacou a importância da pesquisa para três desafios citados como relevantes por integrantes da indústria na plateia: a questão da fermentação e as preocupações com metais pesados e micotoxinas. O diretor-geral da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Sérgio Menezes, destacou que as instâncias públicas estão carentes de recursos. “A tendência é a parceria. Ajuda a evitar sombreamentos e amplia a cooperação”, disse. Segundo ele, a Ceplac tem feito um trabalho junto a produtores para que avaliem se os temas pesquisados pelo instituto atendem às demandas dos produtores e, caso a conclusão seja negativa, a pesquisa é reorientada para outras questões mais prioritárias para o setor. O representante do WorldWatch Institute, Eduardo Athayde, destacou a potencialidade das pesquisas que possam gerar efeitos positivos de sustentabilidade. “A pesquisa em eficiência energética, a agricultura de baixo carbono… Temos de correr atrás. Toda vez que uma universidade estrangeira vê o potencial que há aqui todo mundo quer participar, mas articular localmente é que é o problema”, disse. Ele também falou sobre que esta tendência sustentável instalada no mundo deve fazer com que o presidente recém-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, desista de algumas propostas de campanha, como a rejeição do Protocolo de Paris. “Ele é um homem de negócios e, quando entender a economia de trilhões dólares envolvida em um processo de descarbonização, vai ser o carro-chefe de uma movimentação internacional”, disse.
Confira o horóscopo para todos os signos nesta sexta, 27