Após um hiato de dois anos devido à pandemia, as elites políticas e econômicas mundiais se reunirão novamente a partir de domingo na cidade suíça de Davos para o Fórum Econômico Mundial (WEF), dominado pela guerra na Ucrânia e com forte presença latino-americana.

O encontro aconteceu pela última vez na cidade suíça em janeiro de 2020, com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e a ativista ambiental Greta Thunberg como protagonistas, e enquanto crescia a preocupação com uma doença aparecida na China da qual pouco se sabia.

Desde então, a pandemia de covid-19 desestabilizou a economia mundial, causando sérios problemas nas cadeias de suprimentos e aumento da inflação, entre outras coisas.

E desde fevereiro, com a invasão russa da Ucrânia, a crise se aprofundou, principalmente com o aumento dos preços de alimentos e energia.

A pandemia impediu que o fórum acontecesse em janeiro deste ano, como é habitual, e desta vez será realizado, sem neve, entre os dias 22 e 26 de maio sob o tema “A história num ponto de viragem: políticas governamentais e estratégias empresariais”.

“A agressão da Rússia (…) aparecerá nos livros de história como o colapso da ordem nascida após a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria”, disse à imprensa esta semana o economista Klaus Schwab, fundador do Fórum, garantindo que Davos faria todo o possível para apoiar a Ucrânia e a sua reconstrução.

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Além de um discurso do presidente ucraniano Volodomyr Zelensky na segunda-feira por videoconferência, foi anunciada a presença na Suíça de vários políticos ucranianos.

Paralelamente, o WEF suspendeu todas as suas relações com a Rússia, que há anos estava muito presente no evento.

Excluir os russos foi “a decisão certa”, segundo o presidente do WEF, Borge Brende.

Simbolicamente, para substituir a chamada ‘Russia House’ (Casa Rússia) – um local concorrido todos os anos em Davos que concentrava toda a atividade do país -, este ano haverá uma ‘Russia War Crimes House’ (Casa dos Crimes de Guerra da Rússia), uma iniciativa do governo ucraniano e de um mecenas do país.

– “Diplomacia discreta” –

Juntamente com a questão ucraniana, o fórum, que desta vez reunirá cerca de 2.500 líderes políticos, econômicos, empresariais e da sociedade civil, também abordará questões como mudanças climáticas, desigualdade de gênero ou o surgimento do metaverso.

A América Latina estará muito presente, com discursos dos presidentes do Peru, Colômbia, Costa Rica e República Dominicana e sessões específicas sobre a região.

O novo presidente peruano, o esquerdista Pedro Castillo, que precisava da aprovação do Congresso para viajar à Suíça, planeja abordar questões como a recuperação econômica pós-pandemia e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Junto com sua agenda oficial, Davos é conhecido como um ponto de encontro diplomático. “A diplomacia silenciosa que (…) o fórum permite é uma das coisas que realmente está no centro do fórum e que Klaus Schwab considera sua maior conquista”, disse à AFP Adrienne Sorbom, professora de sociologia da universidade de Estocolmo e co-autora de um livro sobre o WEF.

Apesar das críticas recorrentes sobre sua utilidade e opulência em um mundo cheio de desigualdades, o fórum de Davos continua atraindo os principais líderes políticos e empresariais.

“Neste Davos, neste festival da riqueza, acredito que veremos como nosso mundo se tornou desigual”, comentou Nabil Ahmed, da ONG Oxfam, que faz campanha por impostos mais altos para os ricos e frequenta o fórum com frequência.



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