O longo caminho da formação de um piloto brasileiro para chegar à Fórmula 1 ganha a partir deste ano um atalho diferente. Em vez de deixar as competições nacionais e procurar correr na Europa ou nos Estados Unidos, os competidores nacionais estão de olho em uma nova oportunidade. A recém-criada Fórmula 4 Argentina tem status de categoria oficial da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e promete baixar bastante os custos em comparação com outros campeonatos equivalentes.

Voltada para pilotos com cerca de 15 anos e recém-saídos do kart, a Fórmula 4 é uma categoria criada pela FIA em 2014 e já existente em outros 13 países. A ideia da entidade máxima do automobilismo foi estabelecer um campeonato dedicado aos competidores mais jovens, que a partir do sucesso e da experiência nesta etapa da carreira podem se credenciar posteriormente à Fórmula 3 e depois à Fórmula 2 e à Fórmula 1.

A Fórmula 4 Argentina tem similaridades às demais correlatas, como Fórmula 4 Alemã, Italiana e Francesa na parte técnica e, principalmente, em termos de currículo. Ser campeão ou vice de qualquer uma delas tem o mesmo peso para obtenção da Superlicença, a habilitação exigida para se chegar à Fórmula 1. O título vale 12 pontos. A exigência da F-1 é o piloto somar no mínimo 40 pontos em três anos. O Brasil tenta se organizar para criar a própria versão de Fórmula 4 no próximo ano.

A diferença de correr na Argentina em comparação a outros países está no preço. Apenas a inscrição para competir uma temporada no país vizinho sai por cerca de R$ 240 mil. Na França, a Fórmula 4 custaria R$ 560 mil. Na Itália e na Inglaterra o valor superaria R$ 1 milhão, fora custos extras como hospedagem e transporte.

Por isso, o campineiro João Pedro Maia, de 15 anos, decidiu apostar na Argentina como atalho rumo ao sonho da Fórmula 1. O piloto começou a competir no kart com oito anos e em 2019 foi campeão paulista na Fórmula Vee Júnior. “O carro é bom na Argentina. É mais barato correr por lá e facilita por questões logísticas”, disse ao Estado. O garoto tem como treinador o ex-piloto da Fórmula 1 Wilson Fittipaldi.

Maia vai conciliar a disputa da Fórmula 4 com as aulas no colégio. O piloto negocia patrocínios para ajudar a bancar a temporada e planeja ser campeão em 2020, para já conseguir vaga ano que vem na Fórmula 3. O primeiro contato com o carro foi em um teste realizado no ano passado. “Eu curti bastante a experiência. É um carro muito rápido. Pega 240 km/h no final da reta”, explicou.

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OUTROS COMPATRIOTAS – O campineiro não deve ser o único brasileiro no grid da competição argentina. Segundo o promotor da categoria, Héctor Ricardo Pérez, haverá outros nomes. “Vamos ter pelo menos mais dois ou três brasileiros. Estamos com negociações em aberto para trazer mais pilotos”, disse. A categoria tem a estreia marcada para os dias 27 e 28 de março, em Buenos Aires.

De acordo com Pérez, a competição argentina tem um custo mais baixo por realizar provas às terças e quartas-feiras, dias em que o aluguel de pistas é mais barato. “A Argentina é um país conveniente para todos nós na América do Sul. O custo de hotéis não é tão caro. Quem disputar a Fórmula 4, terá o fim de semana livre para competir em outras categorias no seu país”, explicou.

O objetivo é chegar a ter 15 competidores no grid futuramente. No momento estão confirmados na disputa seis nomes, entre argentinos, boliviano, o brasileiro e até americano. Como atrativo para a visibilidade e retorno financeiro dos patrocinadores, as provas terão transmissão pela TV Pública Argentina, inclusive também pela internet.


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