12/06/2019 - 13:28
“Seus dados são os de uma atleta de 22 ou 25 anos”, declarou o médico da Seleção, Nemi Sabeh Junior, sobre Formiga, de 41 anos, um fenômeno da natureza e quebradora de recordes do futebol mundial, que na França disputa sua 7ª Copa do Mundo. E como titular.
No domingo, após quase uma hora de jogo no estádio dos Alpes, em Grenoble, com 2 a 0 a favor no placar, uma das rápidas atacantes jamaicanas apostou corrida com Formiga e a brasileira foi capaz de afastar o perigo.
A árbitra alemã Riem Hussein, porém, viu falta no lance e Formiga explodiu de raiva. O replay mostrou uma recuperação limpa, um esforço físico e coordenado excepcional para alguém que supera as quatro décadas de idade.
O fogo competitivo. Manter viva essa chama é o que permitiu a esta meia colecionar recordes de longevidade no mais alto nível nos últimos 24 anos, desde que estreou na seleção com 17 anos.
“Minha viagem até aqui não foi fácil. Especialmente quando estava começando, com meus irmãos em casa. Eles não queriam que eu jogasse. Ninguém queria ver uma mulher jogando, essa é a verdade”, lembra Miraildes Maciel Mota, a Formiga, ao ser questionada sobre a evolução do futebol feminino nas últimas três décadas.
Tirando a primeira, nos Estados Unidos-1991, Formiga participou de todas as Copas do mundo. Na França-2019, jogará sua sétima edição, se tornando a primeira atleta, tanto no feminino como no masculino, a alcançar este número.
Formiga é também a mais velha a disputar a competição, superando a americana Christie Rampone, que disputou a Copa do Mundo do Canadá-2015 aos 40 anos.
A meia brasileira também disputou as seis edições dos Jogos Olímpicos desde que o futebol feminino entrou no programa olímpico em Atlanta-1996. Sua maior conquista: a prata em Atenas-2004.
“É um dos maiores exemplos que temos no mundo, não é deste planeta. Aos 41 anos, ela acaba de renovar com o PSG. É uma grande referência e não poderia ficar de fora de nosso projeto”, elogiou o técnico da seleção brasileira, Vadão, ao publicar a lista de convocadas para a Copa.
Vadão já deixou claro que a criação do jogo brasileiro depende de Formiga.
“Ele nos falou de quanto a seleção precisava de nossa experiência dentro e fora de campo”, completou a atacante Cristiane, de 34 anos, autora dos três gols da vitória do Brasil na estreia contra a Jamaica, ao comentar a conversa que teve ao lado de Formiga com Vadão antes de voltarem à seleção.
Ao lado e Marta, seis vezes melhor do mundo, Cristiane e Formiga formam o trio de lendas do futebol feminino brasileiro, grande esperança de uma boa campanha da seleção na Copa do Mundo da França.
Desde 2017, Formiga joga no PSG, com o qual iniciará daqui a alguns meses sua 26ª temporada como profissional. No clube parisiense, ela divide a capitania com a espanhol Irene Paredes.
“Aprendi a ser mulher muito cedo e prevalecer sobre a dor. Isso me ajudou a me levar onde estou agora. Agora eu sou o orgulho da família”, completou Formiga, após 187 jogos e 26 gols pelo Brasil.
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