Cada vez que uma bola é recuada para Sidão, a torcida do São Paulo sua frio com as reposições do goleiro, que provoca fortes emoções quando trabalha com os pés. Enquanto isso, um colega de posição criado nas categorias de base do Morumbi e discípulo de Rogério Ceni vem chamando a atenção justamente pela habilidade ao bater na bola e já fez até gol de falta. É Éverson, do Ceará.

O jogador de 28 anos abriu o placar na vitória (2 a 1) sobre o Corinthians, no dia 5, no Castelão. Da entrada da área, chutou forte de pé direito, no ângulo de Walter, que substituía o lesionado Cássio na ocasião. Foi seu primeiro gol de falta na carreira. Antes, havia feito dois de pênalti. Resultado de um trabalho iniciado anos atrás, tendo como inspiração o maior goleiro-artilheiro da história.

Éverson chegou ao São Paulo aos 13 anos, em 2003. Passou por todas as divisões de base até ser promovido ao elenco principal. Foi um período curto treinando com Ceni, cerca de três meses. Apesar da experiência breve, desde os tempos no sub-15 ele já prestava atenção em Ceni e buscava fazer algo parecido.

“Por ter feito toda a base no São Paulo, a gente precisava de algo diferente. No sub-17, eu já batia algumas faltas”, conta ao Estado o goleiro do Ceará, que continuou praticando nos clubes seguintes pelos quais passou. “Quando fui para o Guaratinguetá, eu só treinava. Era reserva do Jailson (hoje no Palmeiras) e não tinha oportunidade de tentar nos jogos.”

Neste Brasileirão, ele acertou a quarta tentativa. Havia cobrado contra Santos, Vasco e São Paulo. Quando caminhou em direção à área corintiana, ainda não tinha decidido como bateria na bola. “Decidi na hora. Vi o posicionamento da barreira, do Walter e a distância que eu tinha. Seria difícil cobrar por cima da barreira, então, decidi bater no canto dele”, explica.

SAÍDA – No São Paulo, a trajetória de Éverson chegou ao fim quando faltavam seis meses para acabar o vínculo e ele foi emprestado ao Guaratinguetá. Ao fim daquele período, ele já não fazia mais parte dos planos do time. “A diretoria disse que daria oportunidade a outros goleiros que estavam subindo da base”, afirma o jogador, sem esconder a chateação por não ter sido aproveitado: “Tinha o sonho de jogar no Morumbi”.

Procurada, a assessoria do São Paulo informou que o diretor de base daquela época, Mauro Tadeu Novais, não está mais no clube para falar sobre o jogador. A reportagem não conseguiu localizá-lo.

A idolatria por Ceni, porém, ele manteve. Em 2016, quando o Ceará divulgou a numeração fixa para a temporada, chamou a atenção o número 01 na camisa de Éverson. Era o mesmo utilizado pelo astro do São Paulo.