O ETA “faz parte do passado”, afirma Elena García, que no domingo votará no País Basco no EH Bildu, uma coalizão cuja formação hegemônica é o antigo braço político dessa organização armada, agora centrada em temas sociais e que preocupam os jovens.

Essa rica região industrial do norte da Espanha, de 2,2 milhões de habitantes, renova seu parlamento regional em eleições que podem ter eco na política nacional.

Pela primeira vez, o EH Bildu lidera as pesquisas à frente do Partido Nacionalista Basco (PNV), formação conservadora que domina a região há décadas.

“Antes, o único que rezava pelos interesses da cidadania basca era o PNV, logo todo mundo votava no PNV”, independente se fosse “de direita ou esquerda”, explica Elena García.

Agora, se você for de esquerda, “e também mais social e menos capitalista, você vai votar em Bildu”, diz essa mulher que trabalha com deficientes.

Com 40 anos de idade, ela cresceu em um País Basco abalado pela violência do ETA, considerado responsável pela morte de mais de 850 pessoas em sua luta pela independência da região, desde a década de 1960 até o abandono da luta armada em 2011.

O ETA “acabou, agora faz parte do passado” e para alguns dos jovens “que votam hoje (…) o terrorismo não fez parte de sua infância nem de suas vidas”, observou.

Formado pelo partido que herdou a vitrine política do ETA, mas também por outras formações separatistas de esquerda que se opunham à violência, o EH Bildu seguiu uma estratégia que deu frutos, deixando suas reivindicações pró-independência em segundo plano para se concentrar em questões sociais.

Liderado por um ex-membro do ETA, Arnaldo Otegi, o Bildu optou pela renovação ao nomear um candidato de 40 anos para as eleições regionais, Pello Otxandiano, e se tornou de longe o partido preferido entre os bascos de 18 a 44 anos, de acordo com uma pesquisa recente publicada pela televisão pública regional.

Com o fim do ETA, o Bildu vem “ganhando transversalidade entre os estratos mais jovens” e se estabeleceu “como a alternativa pró-independência e de esquerda ao governo tradicional” do PNV, de acordo com Pablo Simón, cientista político da Universidade Carlos III de Madri.

O Bildu “fala sobre mudança climática, fala sobre feminismo, fala sobre moradia (…) e consegue se conectar muito com as preocupações da população mais jovem”, diz Eva Silván, da empresa basca de estratégia política Silván&Miracle.

Em nível nacional, o Bildu e seus cinco deputados no Parlamento espanhol se tornaram aliados importantes do governo do socialista Pedro Sánchez, que é constantemente criticado pela direita, que o acusa de ter “lavado” a imagem dessa formação.

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