As forças do regime sírio assumiram, nesta quinta-feira (12), o controle de quatro bairros de Mayadin, depois de entrarem pela segunda vez neste reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no leste do país.

Este avanço das forças pró-governo, apoiadas pela aviação russa, permitiu cortar as estradas que ligam Mayadin a Bukamal, localidade na fronteira com o Iraque, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Desta forma, a única via de fuga para os extremistas islâmicos é o rio Eufrates, que corta Mayadin, de acordo o OSDH, que conta com uma ampla rede de fontes em toda a Síria.

O EI havia conseguido na semana passada repelir as forças do regime sírio de Mayadin, dois dias após seu primeiro avanço nesta cidade, um dos últimos redutos dos ultrarradicais sunitas no leste da Síria.

“As forças do regime, apoiadas em terra pelas forças russas, assumiram o controle de pelo menos quatro bairros”, informou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane, em declarações à AFP nesta quinta-feira.

A agência oficial síria Sana confirmou este novo avanço do regime em Mayadin, recentemente descrita por uma fonte militar síria como a “capital militar” do EI na província rica em petróleo de Deir Ezzor, na fronteira com o Iraque.

As forças russas “supervisionam as operações militares, participam nos combates de campo e realizam ataques aéreos intensivos”, afirmou Abdel Rahmane, destacando a “violência dos combates”.

Este avanço do regime acontece apesar da chegada de reforços do EI, que acolheu mil combatentes vindos do Iraque, implantados nas várias frentes de combate do leste de Deir Ezzor, de acordo com o OSDH.

Foi para Mayadin e Bukamal, duas cidades localizadas no Vale do Eufrates, que se estende até a fronteira iraquiana, que os extremistas fugiram de Raqa (norte), onde o EI está encurralado.

A cidade de Raqa é alvo de uma ofensiva liderada pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coalizão de curdos e árabes apoiada por Washington.

Desde 2014, o EI controla Mayadin, cerca de 40 quilômetros ao sul de Deir Ezzor, onde a organização extremista ainda está presente em vários distritos.

Um dos objetivos das forças do governo Bashar al-Assad é chegar ao campo de petróleo de Al-Omar, no nordeste de Mayadin, segundo o OSDH.

Antes de ser destruído em outubro de 2015 pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, este campo proporcionava ao EI entre 1,7 milhão e 5,1 milhões de dólares por mês, segundo a coalizão.

Os extremistas ainda controlam mais da metade da província de Deir Ezzor, e duas ofensivas distintas estão em andamento para derrotá-los.

Em uma delas, as forças do governo avançam rapidamente na parte oeste em direção ao Eufrates, graças ao apoio da aviação russa. Eles conquistaram o noroeste da província de Deir Ezzor e, agora, avançam em direção sudeste.

Em setembro, conseguiram quebrar o cerco imposto pelos extremistas a dois enclaves do governo na cidade de Deir Ezzor e tentam, no momento, expulsar o EI do resto da cidade.

Na outra ofensiva, as FDS se encontram ativas na margem leste do rio e se dirigem para a capital da província.

A organização extremista perdeu grande parte dos territórios conquistados em 2014 no Iraque e na Síria. Acaba de perder Hawija, o último grande centro urbano que ainda controlava no Iraque.

A guerra na Síria já provocou a morte de mais de 330 mil pessoas desde março de 2011.