Um jornalista que trabalha no norte da Síria para vários veículos de comunicação, entre eles a Agence France-Presse, foi preso por autoridades locais pró-Turquia, anunciou nesta terça-feira (27) o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) pediram “a libertação imediata” de Bakr al-Kassem, de nacionalidade síria.

O motivo da prisão é desconhecido, ressaltou o OSDH, sediado no Reino Unido, que dispõe de uma ampla rede de fontes na Síria. A ONG acrescentou que o jornalista foi “agredido durante a sua prisão pela polícia militar e pelos serviços de inteligência da Turquia”.

“Estamos profundamente preocupados com o fato de facções da oposição síria terem detido o jornalista sem explicação e o terem transferido para os serviços de inteligência turcos”, disse Yeganeh Rezaian, coordenadora interina do programa Oriente Médio/Norte da África do CPJ, em Washington. “As autoridades locais deveriam libertar Kassem imediatamente e parar de prender jornalistas.”

A RSF também pediu a libertação imediata do profissional. “A perseguição aos jornalistas tem que terminar nesse país, que é um dos mais perigosos do mundo para os profissionais da informação”, declarou o chefe do escritório da ONG no Oriente Médio, Johathan Dagher.

A jornalista Nabiha Taha, mulher de Kassem, disse à AFP que o casal foi detido ontem, na cidade de Al Bab, onde reside, quando voltava de carro após cobrir um evento.

“Fui liberada um pouco mais tarde, mas meu marido continua preso”, acrescentou, indicando que não sabe o motivo de sua detenção e o local onde ele está preso.

Nabiha Taha acrescentou que dois telefones foram confiscados durante uma apreensão em sua casa logo depois. Também levaram o computador e as câmeras fotográficas de Kassem.

Procurado pela AFP, o chefe do “governo interino” sírio que administra essas regiões disse que não foi informado sobre a detenção.

Bakr al-Kassem trabalha desde 2019 para a Agence France-Presse e cobriu diversos episódios da guerra na Síria, assim como o terremoto mortal em fevereiro de 2023, no qual perdeu 17 membros de sua família. Também trabalha para a agência turca Anadolu e para veículos locais sírios.

“Fazemos um apelo às autoridades locais no norte da Síria para que libertem imediatamente nosso correspondente Bakr al-Kassem e permitam que retome seu trabalho livremente”, declarou Sophie Huet, diretora da redação da AFP.

A Síria está dividida pela guerra, que começou em 2011 após a repressão de manifestações pró-democracia, e o Exército turco controla, ao lado de grupos vinculados, duas grandes regiões fronteiriças após ter realizado operações de grande envergadura contra os grupos curdos.

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