As forças iraquianas anunciaram nesta terça-feira que retomaram do grupo extremista Estado Islâmico (EI) quase 90% da zona oeste de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque.

O EI ainda controla “10,5% da margem direita” do rio Tigre, que divide a cidade do norte do país em duas, indicou o general Yahya Rasul, porta-voz do comando das operações conjuntas das forças iraquianas, durante uma entrevista coletiva em Bagdá.

As tropas iraquianas, apoiadas por uma coalizão internacional antijihadista liderada por Washington, iniciaram em 17 de outubro uma ampla ofensiva para expulsar o EI de seu reduto de Mossul.

No fim de janeiro, as forças do país assumiram o controle da zona leste da cidade e, em 19 de fevereiro, iniciaram o ataque contra a zona oeste, incluindo a área antiga, uma zona densamente povoada com ruas estreitas, que dificultam o avanço das tropas.

Em Mossul, o general Abdulwahab al-Saadi, comandante das forças especiais iraquianas, indicou à AFP que os extremistas tinham apenas “duas opções”: “Morrer e ir para o inferno ou estender a bandeira branca”.

O porta-voz da coalizão internacional, o coronel americano John Dorrian, estimou em Bagdá que “o inimigo está completamente cercado e prestes a ser totalmente derrotado em Mossul”.

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De acordo com Rasul, os extremistas mantêm o controle apenas sobre poucos bairros na área antiga, onde as ruas estreitas dificultam o avanço das forças iraquianas, forçadas a evoluir a pé ao invés de a bordo de veículos como fizeram em outras partes da cidade.

A operação das forças iraquianas em Mossul é apoiada pelos ataques aéreos da coalizão dentro e nos arredores da cidade. Os bombardeios destruíram “mais de 300 veículos-bomba”, segundo o coronel Dorrian.

“Nossos ataques também destruíram mais de 200 túneis do Daesh” e “mais de 1.000” posições dos extremistas, acrescentou, utilizando o acrônimo em árabe do EI.

As organizações humanitárias calculam que quase 250.000 civis estão presos na zona oeste de Mossul.

A presença de civis na Cidade Velha complica ainda mais a ofensiva final para recuperar toda a cidade.

E se os ataques aéreos da coalizão ajudaram as forças iraquianas a avançar, também fizeram vítimas entre a população local.

O Pentágono anunciou recentemente que os ataques da coalizão haviam matado 352 civis por engano desde 2014 no Iraque e na Síria vizinha. Mas este número seria muito maior, de acordo com grupos de defesa dos direitos Humanos.

Na quinta-feira passada, quase 20.000 pessoas fugiram da zona oeste de Mossul, o número mais elevado para um único dia desde o início da ofensiva, segundo o Conselho Norueguês para os Refugiados.

Segundo testemunhas, os habitantes também começam a sofrer com a fome em razão dos combates.

O EI, uma organização extremista sunita, conquistou amplas faixas de território no Iraque e na Síria em 2014, mas perdeu muito espaço desde então, em consequência da dupla ofensiva que enfrenta em dois países.

Mossul é seu último grande reduto urbano no Iraque, mas sua queda não marcará o fim da guerra contra os extremistas porque o EI ainda controla territórios nas províncias de Nínive (norte), de onde Mossul é a capital, Kirkuk (noroeste) e Al-Anbar (oeste).



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