As forças iraquianas reconquistaram a cidade antiga de Nimrod, um sítio arqueológico situado a 30 km ao sul de Mossul (norte) e em parte destruído pelo grupo Estado Islâmico (EI) desde sua instalação no Iraque – anunciou o Exército neste domingo (13).

“Unidades da 9ª divisão blindada libertaram completamente Nimrod e hastearam a bandeira iraquiana nos prédios”, segundo o comando das operações, em um comunicado.

Essa reconquista faz parte da ampla ofensiva militar lançada em 17 de outubro passado por Bagdá para retomar Mossul, a segunda maior cidade do Iraque e último reduto do EI no país.

Na vizinha Síria, uma aliança curdo-árabe continua com sua operação para retomar Raqa, o reduto dos extremistas, com a ajuda da coalizão internacional liderada por Washington. Os Estados Unidos também apoiam a ofensiva em Mossul.

“As localidades de Al-Nomaniyah e de Al-Nimrod e as ruínas de Nimrod foram recapturadas”, anunciou o general de Brigada da 9ª Divisão Saad Ibrahim.

Localizada a 30 km de Mossul, às margens do rio Tigre, Nimrod é uma joia do império assírio fundada no século XIII antes de Cristo.

Na primavera de 2015, vídeos e imagens por satélite mostraram como os extremistas destruíram o sítio com tratores, picaretas e explosivos. Destruíram, então, o templo de Nabu, de 2.800 anos de idade, dedicado ao deus mesopotâmio da sabedoria e da escritura.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) “celebrou as informações de que Nimrod esteja de novo sob controle do governo iraquiano” e propôs dar todo seu apoio quando “a zona tiver sido estabilizada”, afirmou seu porta-voz, George Papagiannis.

Destruições

Depois de se apropriar de extensos territórios no Iraque e na Síria, os radicais fizeram uma campanha de destruição de sítios arqueológicos, como Nínive, na periferia de Mossul, em Hatra, sudoeste de Nimrod, ou Palmira, em território sírio.

O EI considera que esses monumentos são heréticos e contrários aos ensinamentos do islamismo sunita radical, apesar de não ter hesitado em levar alguns objetos em seus saques para vender no mercado negro.

Realizada pelo Exército e pelos peshmergas curdos, a ofensiva iraquiana avançou rumo a Mossul a partir do leste, do sul e do norte.

E o Comando Antiterrorista Iraquiano (CTS) entrou pela periferia leste da cidade, travando duros combates com os radicais nos últimos dias.

“O EI está cercada por nossas forças pelo norte e pelo leste”, afirmou o comandante do CTS, Muntadhar Salem.

Assim como nos dias anteriores, dezenas de civis fugiam da cidade.

Enquanto isso, na Síria, as Forças Democráticas Sírias (FDS) conseguiram se aproximar 30 km de Raqa.

O comando dessa aliança curdo-árabe assegurou que suas tropas estão a ponto de cercar e isolar Raqa, completando assim a primeira fase da operação lançada em 5 de novembro.

O passo seguinte será atacar a cidade.

Os soldados do EI oferecem uma feroz resistência em Mossul e em Raqa e, por isso, todos esperam uma longa batalha pela reconquista.

Reduto radical

A Turquia prosseguia, por sua vez, com sua própria ofensiva na Síria, na chamada operação “Escudo do Eufrates”, em Al-Bab, reduto radical situado a norte de Aleppo.

Segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), a artilharia e os bombardeios turcos atacaram a cidade neste domingo (13), enquanto os rebeldes, apoiados por Ancara, aproximaram-se a apenas 2 km dela.

O objetivo da Turquia é lutar contra o EI e também contra as Unidades de Proteção Popular (YPG), a milícia curda que desempenha um papel-chave nas Forças Democráticas Sírias.

O governo turco considera as YPG, vertente síria do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), como uma organização terrorista e quer evitar a criação de uma região autônoma curda, do outro lado de sua fronteira. Os combatentes curdos também são primordiais na batalha contra o EI no Iraque.

O Curdistão iraquiano, sua região autônoma no norte do país, conquistou, ou ampliou, seu controle sobre amplas zonas reivindicadas pelos curdos e pelo governo de Bagdá no transcurso da guerra contra os extremistas.

Em um informe divulgado neste domingo, a Human Rights Watch (HRW) indicou que as forças curdas do Iraque destruíram casas da população árabe.

A ONG manifestou sua preocupação com a possibilidade de que os curdos tentem evitar, com essas destruições, o retorno dos árabes aos territórios conquistados pelos peshmergas.