O Governo de Unidade Nacional (GNA) apoiado pela comunidade internacional na Líbia convocou suas forças, neste domingo (11), a recuperar dois importantes terminais de petróleo tomados pelo governo paralelo.

Hoje, as forças desse governo não reconhecido lançaram um ataque surpresa para tomar o controle dos principais terminais do território. A ofensiva ocorreu na região petroleira, no noroeste do país, onde estão as principais infraestruturas econômicas da Líbia.

As tropas do general Khalifa Haftar, chefe do Exército ligado ao governo não reconhecido baseado no leste, “controlam o terminal de Al-Sedra, o bairro industrial, a área residencial e o terminal de Ras Lanuf”, indicou seu porta-voz, coronel Ahmad Al-Mesmari, citado pela agência de notícias líbia, Lana.

“Os confrontos se concentram no terminal de Zueitina”, acrescentou.

É a primeira vez que os dois lados se enfrentam militarmente desde que o GNA se instalou em Trípoli em março passado. Desde então, o GNA tenta, com dificuldades, consolidar sua autoridade no conjunto do país, afundado no caos desde a queda do regime do ditador Muammar Kadhafi, em 2011.

Perder essas instalações petroleiras enfraqueceria o GNA.

A tomada foi confirmada por um comandante da Guarda das Instalações Petroleiras (GIP), milícia leal ao GNA. Segundo o porta-voz da GIP Ali al-Hassi, os combates continuam, e há mortos e feridos.

“As forças de Haftar lançaram um ataque pela manhã, usando aviões e artilharia”, mas “não tomaram o controle” do conjunto das instalações, assegurou.

Em um comunicado publicado à noite, o GNA condenou “essa agressão flagrante contra bens do povo líbio”, convocou suas forças para recuperar os terminais e intimou as forças pró-Haftar a deixarem as instalações.

O enviado da ONU para a Líbia, Martin Kobler, disse estar “preocupado” com os confrontos que – advertiu – “acentuarão as divisões” na Líbia.

Haftar questionado

As forças leais ao governo de união se concentram atualmente na luta contra o grupo Estado Islâmico (EI), implantado no país desde 2015, para tentar expulsá-lo totalmente de seu reduto em Sirte. Lançada em maio passado, essa ofensiva se mantém, devido à resistência dos extremistas.

Paralelamente, a ONU supervisiona um complexo processo político com o objetivo de juntar os distintos atores em um governo de união reconhecido por todos. Mas esse processo se choca com a oposição das autoridades rivais do leste.

Uma das maiores divergências é quanto ao papel que Haftar deverá desempenhar em um novo cenário, principalmente pela relevância desse general septuagenário após a revolta contra Kadhafi.

Suas forças tentam desde 2014 recuperar o controle de Benghazi, segunda cidade do país e reduto de grupos extremistas radicais.

Para o pesquisador Mattia Toaldo, do grupo de reflexão European Council on Foreign Relations, a ofensiva na zona petroleira “pode se transformar em um conflito, a menos que haja uma mediação rapidamente”.