Três manifestantes hostis ao regime iraquiano foram mortos neste sábado (25) em Bagdá e no sul do país durante confrontos com as forças de segurança, que atuaram para desalojar acampamentos.

Na sexta-feira, o líder xiita Moqtada Sadr organizou uma grande manifestação em Bagdá para exigir a saída das tropas americanas do Iraque.

Ele então anunciou que não apoiava mais o movimento de contestação, amplamente dominado pela juventude, que desde 1º de outubro exige profundas reformas políticas no país.

Os protestos contra o governo, ofuscados nas últimas semanas pela crescente tensão entre Washington e Teerã, também temem que a retirada do apoio de Moqtada Sadr, um político poderoso, enfraqueça seu movimento.

Na cidade portuária de Basra, no sul do Iraque, as forças de segurança dispersaram neste sábado manifestantes instalados em um acampamento improvisado. Suas tendas foram queimadas antes que funcionários municipais limpassem o local, de acordo com um jornalista da AFP.

Nas cidades de Hilla, Diwaniya, Kut e Amara, os correspondentes da AFP viram manifestantes desmontando suas tendas.

Em Bagdá, as forças de segurança dispersaram os sit-ins, principalmente na Praça Tayaran e na ponte al-Ahrar, anunciou o comando militar da capital.

Um manifestante foi morto e mais de 40 ficaram feridos na capital, segundo uma fonte médica. Dois outros morreram em Nassiriya, no sul do Iraque.

Desde segunda-feira, os manifestantes bloqueavam a Praça Tayaran, queimando pneus e erguendo barricadas, para pressionar o governo.

A ponte al-Ahrar, parcialmente ocupada desde o início do movimento, atravessa o Tigre e conecta o leste de Bagdá aos distritos do oeste, onde está localizada a Zona Verde, que abriga a sede das instituições governamentais e embaixadas, inclusive a dos Estados Unidos.

Esta ponte fica perto da Praça Tahrir, um ponto de encontro para os protestos, onde milhares de manifestantes antigovernamentais se reuniram novamente na sexta-feira.

Os manifestantes disseram à AFP neste sábado que ouviram tiros quando a polícia tentava afastá-los com bombas de fumaça. Uma fonte policial, no entanto, disse que a polícia não pretendia esvaziar o local.

Também na sexta-feira, Moqtada Sadr reuniu milhares de seus apoiadores em Bagdá para exigir a saída dos 5.200 soldados americanos estacionados no país.

O sentimento antiamericano no Iraque aumentou desde o assassinato pelos Estados Unidos do general iraniano Qassem Soleimani, enviado de Teerã para o Iraque, e de Abu Mehdi al-Mhandhandis, seu braço-direto iraquiano, em 3 de janeiro em Bagdá.

O líder xiita, que lidera o maior bloco do Parlamento e controla vários ministérios ocupados por seus aliados, apoiou o movimento antigoverno em seus primeiros dias. Na sexta, anunciou no Twitter que não se envolveria mais na contestação.