A Nigéria mobilizou nesta sexta-feira (8) suas forças de segurança para encontrar mais de 200 estudantes sequestrados por homens armados no ataque a uma escola no noroeste, em um dos maiores crimes do tipo registrado em dois anos no país do oeste da África.

Este sequestro, ocorrido na quinta-feira no estado de Kaduna, foi o segundo em uma semana no país mais populoso da África, onde grupos criminosos armados atacam suas vítimas em escolas, igrejas e estradas para pedir resgates.

Um professor e vários moradores da região disseram à AFP que pelo menos 200 estudantes, possivelmente até 280, foram sequestrados.

As autoridades do estado de Kaduna confirmaram que ataque aconteceu na quinta-feira (7) na escola Kuriga, mas não informaram o número de reféns, que ainda estão sendo contabilizados.

Ao menos uma pessoa morreu durante o ataque, segundo alguns moradores.

Sani Abdulahi, um dos professores da escola GSS Kuriga, disse que alguns funcionários e estudantes conseguiram escapar enquanto os criminosos atiravam para o alto

“Estamos tentando determinar o número de crianças sequestradas”, declarou.

“Na escola de Ensino Médio de Kuriga há 187 desaparecidos e na escola do Ensino Fundamental, 125 crianças desapareceram, mas 25 retornaram”, disse.

O morador Muhammad Adam compartilhou com a AFP um balanço em que “mais de 280 foram sequestrados”.

“Imploramos ao governo (…) que nos ajude com a segurança”, pediu outro morador, Musa Muhammed, que contou ter ouvido “tiros disparados pelos bandidos” no início da manhã.

– “Locais seguros” –

Este sequestro ocorreu poucos dias após outro, na semana passada, em um campo de deslocados no estado de Borno, no noroeste, no qual foram sequestradas mais de 100 mulheres e crianças por supostos jihadistas.

“Recebi informações das autoridades de segurança sobre ambos os incidentes, e tenho confiança de que as vítimas serão resgatadas”, afirmou o presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, que determinou as buscas pelas forças de segurança.

O presidente assumiu o poder em 2023 com a promessa, como seus antecessores, de enfrentar o enorme desafio da violência, alimentada, entre outros, pelos grupos jihadistas e os grupos criminosos do nordeste.

“No momento, não sabemos o número de crianças ou estudantes sequestrados”, declarou o governador do estado de Kaduna, Uba Sani, à imprensa.

“Nenhuma criança será abandonada”, acrescentou.

As estimativas do número de pessoas sequestradas ou desaparecidas na Nigéria diminuem com frequência, à medida que as pessoas que conseguem fugir dos criminosos retornam para casa.

A Anistia Internacional condenou os sequestros em Kaduna e fez um apelo às autoridades para que protejam de modo mais eficiente as escolas. Estas “deveriam ser locais seguros e nenhuma criança deveria ter que escolher entre sua educação e sua vida”, escreveu a ONG na rede social X.

Nos últimos anos, centenas de estudantes foram sequestrados no noroeste e centro da Nigéria. Muitos foram liberados após o pagamento de resgate, depois de semanas ou meses em cativeiro.

O crime aconteceu quase 10 anos depois que os extremistas do grupo Boko Haram sequestraram mais de 250 alunas de uma escola em Chibok, nordeste da Nigéria, uma ação que provocou indignação internacional. Algumas estudantes continuam desaparecidas.

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