O presidente Michel Temer (MDB) vai prorrogar até 30 de outubro, dois dias depois do segundo turno das eleições, o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que permite às Forças Armadas continuar dando proteção aos abrigos de venezuelanos em Roraima e seguir fazendo patrulhas em estradas federais. O decreto anterior expirava nesta quarta-feira, 12. O texto do novo decreto da prorrogação estará no Diário Oficial da União também desta quarta, conforme apurou a reportagem. O objetivo da prorrogação da medida é dar mais garantia de segurança à população.

Roraima tem enfrentado conflitos com o aumento da chegada de venezuelanos ao Brasil, com o agravamento da crise no país vizinho. A decisão de prorrogar foi tomada depois de a tensão entre brasileiros e venezuelanos ter aumentado na última quinta-feira, quando um venezuelano e um brasileiro morreram. O venezuelano foi assassinado a pedradas e pauladas depois de matar um brasileiro com uma facada. O caso aconteceu após um suposto furto no bairro Jardim Floresta, localizado na vizinhança de um abrigo improvisado na rua, com mais de 300 venezuelanos, em Boa Vista.

O primeiro decreto foi assinado em 29 de agosto, após brasileiros atearem fogo em barracas improvisadas de venezuelanos que dormiam nas calçadas de Pacaraima, que fica na fronteira, e queimarem utensílios e roupas dos imigrantes. O decreto de GLO dá poder de polícia para que as Forças Armadas atuem no Estado de Roraima. Mas as ações de segurança pública continuam sob responsabilidade da governadora Suely Campos (PP), que se recusa a admitir que as forças policiais do Estado estejam enfrentando dificuldades em controlar os distúrbios recorrentes.

Impasse

Roraima enfrenta dificuldades para lidar com a crescente chegada de refugiados da Venezuela e, por causa do período eleitoral, trava uma guerra com o governo federal, tentando responsabilizá-lo por não dar o auxílio devido, o que é repudiado pelo Planalto, que alegou repassar recursos para o Estado que até agora não foram utilizados.

O decreto do governo federal foi assinado por Temer sem a concordância do governo local, que não quer reconhecer que precisa de ajuda na área de segurança pública. Pelos dados da Polícia Federal, mais de 127 mil imigrantes já atravessaram a fronteira venezuelana com destino ao Brasil. Desse total, 60% já deixaram o Brasil em direção a outros países da América Latina, principalmente Colômbia e Argentina.

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