O desfile de tanques de guerra em frente ao Palácio do Planalto organizado por Bolsonaro, nesta terça-feira, 10, no mesmo dia em que a Câmara votará a PEC do voto impresso, revela não só um novo impulso golpista do capitão, mas também mostra, de uma vez por todas, que há conivência das Forças Armadas.

Desde que chegou ao governo, Bolsonaro faz questão de enfatizar ser o chefe dos militares e insinua o tempo todo ter o apoio integral desse grupo, aumentando as incertezas quanto aos seus planos de poder. A cada nova ameaça, consultados por jornalistas, os generais (da ativa ou da reserva) são enfáticos: dizem, com todas as letras, não endossar “aventuras golpistas” propagadas por Bolsonaro.

O mandatário pode realmente não ter o apoio integral das Forças Armadas, mas tem o suficiente para conseguir, pelo menos, fazer ameaças como as que tem feito. Afinal de contas, os tanques só saíram às ruas porque alguém autorizou: o presidente da República, o ministro da Defesa, general Braga Neto, e os chefes militares das três forças.

Questionado sobre o desfile no dia da votação sobre o voto impresso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que se trata de uma “trágica coincidência”. Marcar o evento para esta data foi mais uma ação planejada pelo capitão, que pretende permanecer no poder a qualquer custo: seja fraudando as eleições, seja pela força que Bolsonaro almeja ter. Trágico sim. Coincidência, não.