O presidente Jair Bolsonaro está quieto demais. Até os aliados mais próximos estranham. Andava aprontando alguma – e não deu outra. O suspense pode terminar na quarta-feira. Mas só o resultado de um relatório vai acalmar ou incendiar o Brasil.
O Ministério da Defesa acaba de confirmar que deve entregar na quarta (9) ao Tribunal Superior Eleitoral o resultado de sua auditoria sobre as urnas eletrônicas no sistema eleitoral. Uma aberração criada pelas Forças Armadas e acolhida pelo então presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, com a melhor vontade de dar transparência ao processo. Sem esperar essa desnecessária intromissão paralela.
Até lá o País ficará no limite da tensão entre o caos programado ou a garantia da estabilidade. O que é muito, muito ruim para o momento. A decisão estratégica de segurar esse relatório até quarta dará o tempo necessário para os simpatizantes mais aloprados do bolsonarismo ocuparem ruas e os caminhoneiros votarem a bloquear rodovias com a leniência da Polícia Rodoviária? Só as próximas horas mostrarão – e evidente que a notícia propicia esse cenário.
O presidente Bolsonaro não ajuda a estabilidade democrática. Seu discurso dúbio e lacônico após 45 horas do resultado das eleições, em que saiu derrotado, apontou o caminho para o clima ruim da transição de governo para a gestão Lula da Silva.
A conferir o que o Exército forjou em seus gabinetes sobre um já consolidado e confiável sistema eleitoral brasileiro. O Exército e o Governo têm a chance de se salvarem na História e confirmarem a lisura das eleições, o que ocorreu, ou jogar o País numa crise sem precedentes.