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No dia 12 de agosto de 2012, a maioria dos brasileiros foi surpreendida por uma pernambucana de 1,67 m de altura, 53 kg, cabelos loiros encaracolados e sotaque carregado de simpatia. Na última disputa dos Jogos Olímpicos de Londres, Yane Marques conquistou a medalha de bronze no pentatlo moderno, esporte tão exaustivo quanto desconhecido por aqui. Esgrima, equitação, natação, corrida e tiro – estes dois últimos, combinados em um único evento – compõem a lista de atividades que todo soldado que lutasse no início do século 20 deveria saber executar. Foi isso que levou o Barão de Coubertin, criador dos Jogos da Era Moderna, a estimular a disputa do pentatlo, incluído no cronograma olímpico em Estocolmo-1912. Desde então, Yane é a única brasileira a ganhar uma medalha nesse esporte, fator decisivo para que ela fosse escolhida, em votação popular, como porta-bandeira da delegação brasileira que desfilou na abertura dos Jogos Rio-2016, na semana passada. Mais do que isso: nesta Olimpíada, a pernambucana é símbolo da força das mulheres, que chegam à disputa com protagonismo inédito.

A disputa do pentatlo moderno ocorre apenas nos últimos dias da Olimpíada, e Yane não deixa que nada a desconcentre. “Chegamos a esta reta final em condições similares às de Londres”, afirmou à ISTOÉ o técnico da pentatleta, Alexandre França, que assumiu também a função de porta-voz. “Ela está entre as oito favoritas que podem conquistar medalha.” Natural de Afogados da Ingazeira, cidade com cerca de 40 mil habitantes na caatinga pernambucana, Yane dedicou a vida ao esporte, mas só nos últimos anos, com a escolha do Brasil como sede dos Jogos, começou a receber apoio oficial por meio do Comitê Olímpico do Brasil e do programa de alto rendimento das Forças Armadas (ela é sargento do Exército).

IGUALDADE

A professora da USP Katia Rubio, especialista em psicologia do esporte, diz que só por meio da contestação as mulheres conseguiram alcançar a quase igualdade de representação nos Jogos Olímpicos. “Toda a participação feminina se deu pelo embate: elas brigaram para ser atletas e competir”, diz. Na Rio-2016, as mulheres novamente terão a chance de provar – com medalhas, recordes e histórias de superação – que a força feminina é irrefreável.