A força curdo-árabe respaldada pelos Estados Unidos se aproximou nesta segunda-feira da parte antiga de Raqa, principal reduto do grupo Estado Islâmico na Síria.

As Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança de combatentes curdos e árabes que iniciou em novembro uma grande operação para expulsar o grupo EI de sua “capital” na Síria, entraram pela primeira vez em 6 de junho nesta cidade setentrional, conquistada pelos jihadistas em 2014.

Depois de assumir o controle de Meshleb, bairro da zona leste da cidade, no domingo conquistaram, pela primeira vez, um bairro da zona oeste, Al-Rumaniya.

Nesta segunda-feira os combates prosseguiam nas duas frentes.

Na zona leste, as FDS avançavam rapidamente pelo bairro de Al-Senaa, que fica entre Meshleb e a parte histórica, de acordo com a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

“As FDS controlam agora 70% de Al-Senaa”, afirmou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

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“Caso conquistem a totalidade de Al-Senaa, isto representaria o maior avanço na batalha de Raqa, pois os deixaria na entrada do centro da cidade, onde estão as posições mais importantes do EI”, explicou.

“A verdadeira batalha começará quando as FDS conquistarem Al-Senaa”, destacou Abdel Rahman.

Os combates devem ser muito mais complexos no centro da cidade, uma área densamente habitada.

“Quanto mais nos aproximarmos do centro da cidade, mais teremos que combater entre edifícios de vários andares”, declarou no domingo Berjdan Qamishli, membro das FDS.

“Os combates na cidade são mais difíceis que nos vilarejos. Seguiremos até controlar a totalidade da cidade”, completou.

Na zona oeste de Raqa, as FDS tentavam entrar nesta segunda-feira no bairro de Hatin, ao lado de Al-Rumaniya, conquistado no domingo.

As FDS informaram sobre “violentos combates entre (seus) combatentes e os terroristas” nas duas frentes e que 23 membros do EI foram mortos, sem revelar onde nem quando.

Uma fonte das FDS explicou à AFP que seus soldados encontraram os túneis dos jihadistsa no bairro de Meshleb.

“Avançamos com precaução para evitar a enorme quantidade de minas instaladas pelo EI na cidade”, disse a fonte.

Nos acessos ao oeste da cidade, um correspondente da AFP observou no domingo motocicletas destruídas e projéteis de morteiro disparados pelo EI e que não explodiram.

Os corpos de supostos jihadistas estavam nas ruas desertas.


Na frente norte, as FDS avançam com dificuldade. Nesta região, o grupo tenta retomar do EI uma base militar chamada “divisão 17” e uma fábrica de açúcar, que os extremistas utilizam para bloquear o acesso norte da cidade.

A batalha de Raqa é uma das principais frentes da guerra que abala a Síria desde 2011 e que deixou mais de 320.000 mortos.

A cidade tinha 300.000 habitantes antes da presença do EI, 80.000 procedentes de outras regiões da Síria.

Milhares de pessoas fugiram nos últimos meses e a ONU calcula 0que 160.000 pessoas continuam na cidade, cujas condições de vida piora a cada dia.

As padarias estão fechadas pela falta de farinha, de acordo com ativistas. Não há energia elétrica e a falta de água afeta boa parte da cidade.

De acordo com o OSDH, mais de 60 civis morreram desde que as FDS iniciaram o ataque à cidade. Cinco civis morreram no domingo à noite em bombardeios e ataques com foguetes.


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