O coronel Theoneste Bagosora, uma das autoridades de mais alto nível de Ruanda condenada pela Justiça internacional por seu papel no genocídio de 1994, morreu neste sábado (25) no Mali, onde cumpria pena, informaram diferentes fontes.

“O ex-coronel Theoneste Bagosora morreu neste sábado em uma clínica em Bamaco [capital do Mali] por causa de uma enfermidade. Ele estava na clínica há algum tempo, mas era vigiado por agentes de segurança”, declarou à AFP uma fonte da administração penitenciária do Mali.

Por sua vez, um encarregado da clínica onde ele estava internado também confirmou sua morte, e assinalou que a mesma foi causada por “insuficiência cardíaca”.

Outra fonte que confirmou a morte de Bagosora à AFP foi um conselheiro do Ministério da Justiça do Mali.

Theoneste Bagosora, chefe de gabinete no Ministério da Defesa de Ruanda em 1994, foi condenado à prisão perpétua em 2008 pelo Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) por genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Após um recurso apresentado em 2011, sua sentença foi reduzida para 35 anos de prisão.

Antes de ser internado, o antigo dirigente militar era mantido em uma prisão situada a cerca de 50 quilômetros de Bamaco.

Durante o seu processo, a acusação o apresentou como o “cérebro” do genocídio que causou a morte de 800 mil pessoas, sobretudo da minoria tutsi.

Em 2019, os meios de comunicação franceses Mediapart e Radio France revelaram que um “documento do serviço de Inteligência francês” de setembro de 1994 afirmava que “dois extremistas do regime” hutu que governava a Ruanda naquela época foram “os principais autores intelectuais do atentado de 6 de abril de 1994” contra o avião do presidente Juvenal Habyarimana, que desencadeou o massacre contra os tutsi e hutus moderados. Um desses dois “extremistas” era Bagosora.

Em 2011, os juízes de apelação do TPIR anularam várias conclusões da câmara de primeira instância que condenou o ex-coronel. Contudo, mantiveram a conclusão central do julgamento, que afirmava que Bagosora era a autoridade militar máxima em Ruanda entre 6 e 9 de abril de 1994, nos primeiros dias do genocídio.