De que estofo serão feitos os brasileiros que, por motivos tão pessoais, tentaram afogar a Pátria em males tamanhos? A indagação formulada em 1922 é da lavra do ex-presidente da República Epitácio Pessoa e se ajusta com perfeição aos tempos modernos. Com tantas conveniências individuais para acomodar, o Brasil poderá sucumbir aos próprios erros, caso persista na trilha de um caminho tortuoso. Hoje, degrada em praça pública, vítima de toda a sorte de equívocos políticos e administrativos que, se elencados, transbordariam desse artigo.

Para traçar um paralelo com a paixão nacional, o País se tornou o avesso dos hinos de seus campeões no futebol. Senão vejamos. Sem perspectivas de desanuviar o ambiente, ao menos no curto prazo, ninguém “sabe bem o que vem pela frente”. Nem temos certeza como faremos a travessia até 2018, se “até a pé nós iremos”, se o trajeto será de carro – a gasolina já aumentou de novo -, ou até mesmo no lombo de um jegue, conforme já sugeriu o ex-presidente Lula.

Já foi a época em que o STF surgia “imponente”, a arbitrar com maestria as grandes questões nacionais. Agora, nem isso. No poder e em seu entorno, poucos “sabem ser brasileiros”, quanto mais “ostentar fibra”. A propósito, descobrimos na última semana que ainda há brasileiros mais brasileiros do que outros. O presidente do Senado, Renan Calheiros, é a prova viva de que muitos no Brasil ainda estão acima da lei. Aqui temos o exemplo mais bem acabado da barafunda chamada Brasil. Uma semana depois de as ruas apoiarem em peso a Lava Jato e irem contra um projeto de abuso de autoridade, um inequívoco abuso de autoridade foi chancelado pela Suprema autoridade. Montesquieu certamente estremeceu no túmulo.

Mesmo sobressaltados e pasmos a cada notícia, nos bares, nas ruas e nas redes ainda perdemos tempo emprestando asas a uma falsa polêmica: uma foto em que o senador Aécio Neves, do PSDB, aparece aos risos com o juiz Sérgio Moro no evento Brasileiro do Ano, da Editora Três. A imagem viralizou e foi tachada de a cena do ano. Embora todos concordem que o momento recomenda recato, o melhor detergente indiscutivelmente ainda é a luz do Sol, como diria Brandeis. Bem pior são os conchavos intramuros, por exemplo, fora do País, como teria ocorrido entre Dilma e Ricardo Lewandowski em Portugal. Ali, sim, uma conspirata. Políticos são pródigos nisso: o que é ruim a gente esconde. O certo é que nem eles, os políticos, sabem mais onde “nós estaremos”, depois do cessar da tempestade. Foi-se o tempo em que homens públicos estavam com o Brasil onde o Brasil estivesse. Talvez desde 1922.

O País é o avesso dos hinos de seus campeões nacionais de futebol