Um dos maiores avanços nas viagens espaciais foi anunciado pela Nasa. A agência norte-americana testou com êxito um novo motor de foguete de detonação rotativa construído com tecnologia de impressão 3D. A ideia é usar a novidade em missões no espaço profundo, em explorações para a Lua e Marte. Batizada de RDRE, a engenhoca difere de um modelo tradicional por gerar empuxo a partir de um fenômeno de combustão supersônica conhecido como detonação. Essa proposta produz mais energia usando menos combustível do que os sistemas de propulsão atuais. Por usar círculos concêntricos para produzir reações químicas que geram pulsos de gás supersônico, não exige oxigênio para a combustão. “Esse motor é praticamente um cilindro. Ele é dito rotativo, porque o gás entra na câmara já no sentido tangencial ao cilindro. Então, ele gira”, explica Fernando Martins, engenheiro da Divisão de Eletrônica e Telecomunicações do Centro de Pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia. “O gás entra em combustão com ignitores, que também seguem esse fluxo. Essa construção rotativa dá um empuxo melhor ao motor, que rende”.

ESTADOS UNIDOS Marshall Space Flight Center, no Alabama, onde engenheiros construíram motor com tecnologia de impressão 3D (Crédito:Divulgação)

Além da engenharia atualizada, o RDRE tem outra inovação: foi fabricado com liga de cobre por meio de um processo de manufatura aditiva, a impressão 3D. “Ele pode operar por longos períodos enquanto resiste aos ambientes extremos de calor e pressão gerados por detonações”, explicou a agência, em comunicado. Nos testes, feitos no Marshall Space Flight Center, no Alabama, o motor foi acionado mais de uma dúzia de vezes, totalizando quase dez minutos de funcionamento. Tais resultados animam especialistas da área. Afinal, o recurso pode ser utilizado em futuras missões robóticas ou tripuladas. “Com esse motor, não será preciso carregar tanto combustível para se fazer uma viagem mais longa e distante”, analisa Thiago Signorini, astrônomo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Isso facilita explorações complicadas em que se é necessário transportar uma carga maior ou se a gente quiser, digamos, colonizar Marte”.