19/07/2019 - 4:31
Os detalhes começaram a surgir nesta sexta-feira sobre o terrível incêndio que atingiu um estúdio de animação japonês, matando dezenas de pessoas, mas os motivos do autor incêndio ainda não estão claro, embora a imprensa fale de vingança da parte do autor da tragédia que se sentia roubado pela empresa.
“Foi como olhar para o inferno”, contou uma sobrevivente ao incêndio que destruiu o estúdio em Kyoto, matando 33 pessoas.
Várias pessoas foram ao local nesta sexta para colocar flores ante os destroços do prédio.
“Esses jovens tinham da idade de meus netos. Se meus netos morressem em circunstâncias semelhantes, eu não gostaria de continuar vivendo”, declarou Sachiko Konishi, de 78 anos, à AFP, referindo-se às vítimas, cuja identidade ainda é mantida sob sigilo por parte das autoridades.
O que se sabe que em sua maioria eram jovens artistas, criadores de séries de tv de muito sucesso entre os admiradores do gênero anime.
De acordo com especialistas e bombeiros, as chamas teriam destruído a estrutura quase que instantaneamente, deixando dezenas de pessoas presas e sem qualquer possibilidade de fuga.
Por isso os números trágicos: 33 mortos e dezenas de feridos, alguns deles em situação crítica.
“Uma pessoa pulou do segundo andar, tentando desesperadamente escapar do fogo, mas não pudemos correr para ajudá-la devido à intensidade do incêndio”, contou uma mulher a um site afiliado ao jornal Asahi Shimbun.
“Havia pessoas com queimaduras graves, chorando desesperadas. Era como olhar para o inferno”, acrescentou.
A tragédia chocou o Japão, onde os crimes violentos são extremamente incomuns, e levantou questões sobre como tantas pessoas podem ter morrido em um país onde a segurança é uma questão crucial, especialmente porque muitas pessoas ainda vivem em construções de madeira.
– Roubo de material –
A polícia investiga quais seriam as motivações do autor do incêndio, um homem de 41 anos que foi preso ao tentar fugir, mesmo com queimaduras graves. Ele se encontra internado e, aparentemente inconsciente, o que ainda não permite que seja interrogado pela polícia.
Por ora, somente alguns detalhes eram conhecidos sobre o homem que supostamente destruiu o prédio com uma substância inflamável aos gritos de “eles vão morrer!”.
Segundo a mídia local, em princípio ele não teria ligações com a Kyoto Animation. Algumas informações sugerem que o suspeito achava que a empresa roubou seu trabalho.
De acordo com o jornal local Kyoto Shimbun, ele teria dito à polícia: “Eu botei fogo porque eles roubaram minhas histórias”.
O presidente da Kyoto Animation disse na quinta-feira que a empresa havia recebido ameaças no passado.
No momento, há pouca informação disponível sobre as vítimas, mas “a maioria dos funcionários da empresa está na faixa dos 20 anos”, segundo um vizinho entrevistado pela TV Asahi.
Segundo a polícia, entre os mortos estão 12 homens e 20 mulherfs, e uma vítima ainda não foi identificada.
– Fuga impossível –
Numerosos corpos foram encontrados nas escadas numa tentativa em vão de chegar até o telhado, explicaram os bombeiros, que excluíram que os dispositivos de combate a incêndio não tenham funcionado.
O edifício cumpriu todas as “normas”, disse um porta-voz dos serviços de emergência contatados pela AFP.
“Nós temos um registro de dados que prova isso. Havia escadas em espiral do térreo para o telhado, mas as chamas as devoraram em instantes”, explicou ainda.
“As pessoas que trabalhavam no primeiro e no segundo andar devem ter ficado surpresos sem saber o que estava acontecendo”.
Os especialistas concordam. “As chamas se moveram muito mais rápido com a gasolina do que em um incêndio normal, então acho que o incêndio se espalhou tão rápido que os sistemas de alarme e as portas corta-fogo não tiveram como funcionar normalmente”, explicou Keizo Harafuji, ex-pesquisador da Polícia de Tóquio, falando à televisão pública da NHK.
“Uma vez declardo o fogo, era impossível escapar”, assegurou.
A taxa de criminalidade é relativamente baixa no Japão, mas de tempos em tempos o país registra crimes sangrentos provocados pela chamada “violência cega”, quando indivíduos, em um momento de loucura, matam indiscriminadamente.