O Fundo Monetário Internacional (FMI) diminuiu a sua projeção para o crescimento da economia global este ano de 3,2%, na estimativa de julho, para 3,0%, a taxa mais baixa de expansão desde 2009. Em relação a 2020, o FMI também reduziu levemente a previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) global, de 3,5% para 3,4%.

As projeções estão no relatório Perspectiva Econômica Mundial, lançado nesta terça-feira, 15, cujo título é “Desaceleração global da manufatura, barreiras comerciais em elevação”.

Já na comparação das estimativas apresentadas nesta terça no documento com as de abril, ocorreu uma redução de 0,3 ponto porcentual para 2019, quando estimava uma alta de 3,3%, e de 0,2 ponto porcentual para o próximo ano, pois a projeção era de 3,6%.

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China é o destaque entre os principais fatores que levaram o FMI a reduzir suas projeções, pois prejudicou a produção industrial pelo mundo, inclusive no setor automotivo da Alemanha, e reduziu investimentos de empresas em economias avançadas, sobretudo com incertezas sobre o futuro de cadeias internacionais de manufaturados.

Essa disputa foi também o elemento preponderante que levou o Fundo a diminuir de forma substancial as previsões para o crescimento do comércio mundial em volumes de mercadorias e serviços, pois baixou de 2,5% para 1,1% em 2019 e, em 2020, a previsão recuou de 3,7% para 3,2%.

Em abril, a projeção do Fundo era de expansão de 3,4% para este ano e de 3,9% em 2020.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

De acordo com o FMI, a previsão para o crescimento do PIB das economias avançadas foi reduzida de 1,9% para 1,7% em 2019. O organismo manteve a projeção para 2020 em 1,7%.

Já as estimativas para os países emergentes diminuíram de 4,1% para 3,9% em 2019 e de 4,7% para 4,6% no próximo ano.

A economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, destacou que em 2019 o mundo deve registrar o nível mais baixo de expansão desde a Grande Recessão, em uma conjuntura internacional de baixa inflação e que permitiu movimentos quase sincronizados de reduções de juros por diversos bancos centrais de economias avançadas e emergentes. “Na ausência de tais estímulos monetários, o crescimento global poderia ser menor em 0,5 ponto porcentual em 2019 e 2020”, apontou.

Tal ajuda dos bancos centrais, ressaltou a economista-chefe do Fundo, colaborou para contrabalançar em parte os efeitos negativos das tensões comerciais entre os EUA e a China, pois tais disputas devem tirar 0,8 ponto porcentual da expansão do PIB global no próximo ano.

“Como os bancos centrais tiveram de gastar a limitada munição para compensar erros de políticas, eles terão pouco à disposição quando a economia estiver numa posição mais difícil”, comentou Gita Gopinath. Para ela, a perspectiva da economia global continua precária, com ampla desaceleração e incerta recuperação.

Para o Fundo, as incertezas globais, que envolvem a guerra comercial entre EUA e China, desaceleração na Europa e também um eventual processo conturbado de saída do Reino Unido da União Europeia, fazem com que os riscos à trajetória da economia global pendam mais para o lado negativo.

Por outro lado, o FMI aponta que um cenário mais favorável para as economias de mercados emergentes, entre eles o Brasil, México e Rússia, junto com a redução da intensidade das crises na Argentina, Turquia, Irã e Venezuela, deve ser responsável por 70% do avanço do PIB global em 2020.

De acordo com Gita, com o crescimento mundial de 3% em 2019, não há espaço para equívocos na adoção de medidas econômicas por governos, o que torna “urgente que os formuladores de políticas reduzam as tensões comerciais e geopolíticas de forma cooperativa”.

Na sua avaliação, é essencial que países continuem trabalhando em conjunto para enfrentar questões mundiais como mudanças climáticas, tributação internacional, corrupção e segurança cibernética.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias