O Fundo Monetário Internacional (FMI) avalia que os bancos centrais podem manter as taxas de juro mais elevadas durante mais tempo para lutar contra a inflação. Segundo avaliação publicada no blog da instituição, o aumento das taxas é um risco para os bancos, embora muitos se beneficiem da cobrança de taxas de juros mais elevadas aos mutuários. “As perdas com empréstimos também podem aumentar, uma vez que tanto os consumidores como as empresas enfrentam agora custos de empréstimos mais elevados.”

Ainda, o FMI avalia que os bancos também investem em obrigações e outros títulos de dívida, que perdem valor quando as taxas de juro sobem. “Os bancos podem ser forçados a vendê-los com prejuízo se forem confrontados com retiradas repentinas de depósitos ou outras pressões de financiamento. A falência do Silicon Valley Bank foi um exemplo dramático deste canal de perda de obrigações”.

O Fundo informa que desenvolveu uma nova ferramenta de vigilância para acompanhar fragilidades bancárias emergentes e, segundo teste do fundo de quase 900 credores em 29 países, descrito no Relatório de Estabilidade Financeira Global do Fundo, o sistema bancário parece globalmente resiliente. “O nosso exercício, que mostra como os credores se sairiam no cenário-base que projetamos nas últimas Perspectivas Econômicas Mundiais do FMI, identificou 30 grupos bancários com baixos níveis de capital, representando em conjunto cerca de 3% dos ativos bancários globais”, indica a publicação.

O Fundo, porém, alerta que caso, haja uma grave estagflação associada a taxas de juro ainda mais elevadas dos bancos centrais, haveria perdas maiores. “O número de instituições fracas aumentaria para 153 e representaria mais de um terço dos ativos bancários globais. Excluindo a China, há muito mais bancos fracos nas economias avançadas do que nos mercados emergentes.”

Segundo análise, durante períodos de tensão, muitos bancos podem revelar-se “potencialmente vulneráveis”, apesar de poucos passarem realmente por dificuldades significativas. “Com base nos dados atuais do mercado e nas previsões consensuais dos analistas, estes indicadores apontam para um grupo substancial de bancos mais pequenos em risco nos Estados Unidos, e preocupação para alguns credores na Ásia, incluindo a China, e na Europa, à medida que persistem as pressões sobre a liquidez e os lucros.”