Por que as ofertas de trabalho são tantas e os trabalhadores tão poucos nos Estados Unidos e Reino Unido? O “denominador comum” mais importante é a saída dos idosos do mercado de trabalho, estima o FMI em um relatório publicado nesta quarta-feira (19).

“Tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido, a porcentagem de trabalhadores idosos fora da força de trabalho aumentou significativamente, embora as declarações de aposentadoria antecipada só tenham crescido nos Estados Unidos”, explicam os autores do relatório.

A queda da participação das mulheres no mercado de trabalho é observada especificamente nos Estados Unidos, observa o Fundo no documento. Isso se explica pelo fechamento prolongado das escolas em um país que tem pouca oferta de serviços de cuidados de crianças e creches muito caras.

“Estimamos que, em outubro de 2021, a contração excessiva das mães de crianças menores de cinco anos empregadas em comparação com outras mulheres representava cerca de 16% da diferença total no emprego nos Estados Unidos em relação aos níveis pré-covid”, destacam Carlo Pizzinelli e Ippei Shibata, dois economistas do FMI em uma publicação junto ao relatório.

No entanto, constataram com surpresa que – ao contrário da crise de 2009 – o desequilíbrio entre a oferta e a demanda teve um papel secundário nos dois países.

O fim dos auxílios sociais excepcionais, como os acordados pelo governo americano, teve apenas um “impacto modesto e temporário no retorno das pessoas ao trabalho”, explicam.

O FMI aponta o fenômeno da “grande demissão”, no qual milhões de pessoas deixam seus trabalhos para buscar uma oferta mais atraente.

“Os trabalhadores ficaram mais relutantes em aceitar empregos em profissões pouco qualificadas, que estão tradicionalmente associadas a salários mais baixos e condições de trabalho piores”, escrevem Pizzinelli e Shibata.

Para recuperar o emprego, o FMI destaca que o combate à pandemia continua sendo essencial.

A instituição destaca também a necessidade de capacitações para permitir reconversões.

Nos Estados Unidos, existe a urgência de ampliar os serviços de cuidados de crianças e de escolarizá-las antes dos cinco anos. Medidas que o governo de Joe Biden tenta aprovar no Congresso.