O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta quinta-feira (10) que a decisão de El Salvador de adotar o bitcoin como moeda legal pode criar riscos e desafios regulatórios.

“A adoção do bitcoin como moeda legal levanta uma série de problemas macroeconômicos, financeiros e jurídicos que requerem uma análise muito cuidadosa”, disse o porta-voz do FMI, Gerry Rice.

“Por esta razão, estamos monitorando de perto o progresso nesta questão e continuaremos nossas consultas com as autoridades”, acrescentou em entrevista coletiva.

Representantes do FMI terão um encontro virtual com o presidente Nayib Bukele nesta quinta-feira, depois que o Congresso salvadorenho, controlado pelo partido no poder, aprovou esta semana uma lei pela qual “todo agente econômico deve aceitar o bitcoin como forma de pagamento”.

A Lei Bitcoin tem apenas 16 artigos e foi aprovada com os votos de 62 deputados, incluindo os 56 da bancada do partido majoritário Novas Ideias (NI) e aliados do presidente Bukele.

De acordo com a lei, “a taxa de câmbio” entre o bitcoin e o dólar americano “será estabelecida livremente pelo mercado”.

“O que dissemos no passado, em geral, é que os ativos em criptomoedas podem representar riscos significativos, e as medidas regulatórias eficazes são muito importantes para resolvê-los”, comentou Rice quando questionado sobre o assunto.

Bukele se reunirá com membros da equipe técnica do FMI no marco das conversas iniciadas em abril com a entidade sobre a possibilidade de obtenção de um novo empréstimo para o país centro-americano.

El Salvador busca financiamento para impulsionar sua economia, que contraiu 7,9% em 2020 devido à pandemia. Para isso, negocia com o Fundo um empréstimo de cerca de 1,3 bilhão de dólares.

O FMI já concedeu ajuda emergencial a El Salvador no ano passado por cerca de 389 milhões de dólares por meio do Instrumento de Financiamento Rápido (IFR) para enfrentar a crise causada pela covid-19.