FMI alerta para empresas-zumbi e produtos financeiros mal regulados na China

FMI alerta para empresas-zumbi e produtos financeiros mal regulados na China

O Fundo Monetário Internacional (FMI) fez um novo alerta, nesta quinta-feira, sobre os riscos financeiros da China, apontando os perigos das empresas dependentes de crédito e da proliferação de produtos de investimentos complexos e opacos mal regulados.

A dívida total da segunda maior economia mundial dispara e Pequim adotou boas medidas para controlar o setor financeiro, mas os riscos persistentes ameaçam a estabilidade financeira do país, adverte o FMI em um relatório.

A principal fonte de preocupação é o aumento contínuo do crédito para manter uma política monetária muito complacente, que permite a existência de “empresas zumbis”, que há muito tempo deixaram de registrar lucro e que sobrevivem aumentando a dívida.

“As pressões para manter com vida empresas não viáveis, ao invés de permitir a falência, são fortes, sobretudo entre as autoridades locais, onde a preocupação por manter o emprego e a atividade prevalece em algumas ocasiões sobre a estabilidade financeira”, destaca o relatório.

O apoio ao PIB é pago com um aumento da dívida das empresas.

Além disso, a garantia “implícita” reivindicada pelos grupos estatais, ou seja, a ideia de que o Estado não permitirá sua quebra, atuando como fiador da dívida, aumenta os riscos.

O problema afeta especialmente os setores siderúrgico e do carvão, dominados por conglomerados públicos com grandes fábricas.

O FMI recomenda ao governo que não se concentre tanto no PIB para reduzir a pressão sobre as autoridades locais e que se concentre na “qualidade do crescimento”, afirmou Ratna Sahay, diretora adjunta da unidade de mercados monetários e de capitais da instituição.

Também aconselha a abolição gradual das garantias implícitas das empresas públicas, reforçando os recursos dos bancos para enfrentar eventuais problemas e sensibilizando os investidores.

O Fundo também criticou o avanço dos produtos financeiros “cada vez mais complexos” que prometem fortes rendimentos: empresas financeiras como fundos de gestão de ativos ou seguradoras “crescem mais rápido que o setor bancário, graças à proliferação de produtos de investimento”.

Mas a permanente inovação e a emergência rápida de novos produtos de gestão de ativos complica a regulação.

Além disso, os empréstimos de risco migraram dos bancos (tradicionais) para setores bem menos regulados do sistema financeiro, a famosa “economia das sombras”.