Fluxo de magma sob África pode indicar futuro novo oceano

PISA, 26 JUN (ANSA) – Um novo oceano pode se formar a partir da mudanças geológicas na África Oriental, segundo dois estudos internacionais publicados nas revistas “Communications Earth & Environment” e “Nature Geoscience”, com participação da Universidade de Pisa, na Itália.   

As pesquisas detectaram a ascensão de magma na Etiópia, na região do Triângulo de Afar, e observaram que esse fenômeno ocorre em um ritmo determinado pela separação de três placas tectônicas (africana, somali e arábica), que cria espaço para o acúmulo de água.   

“Esses dois estudos nos permitem observar com clareza um processo geológico de grande magnitude: a formação de um novo oceano, embora, é claro, em escalas de tempo geológicas muito longas, da ordem de dezenas de milhões de anos”, explica a geóloga Carolina Pagli, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Pisa.   

“Nossos dados mostram que a ascensão de material quente do manto está profundamente ligada aos movimentos das placas que causam a abertura da crosta terrestre. Esse movimento não apenas ‘rasga’ a crosta, mas também influencia a subida do magma. É uma mudança de perspectiva importante, que melhora nossa compreensão dos grandes processos geológicos e dos eventos sísmicos e vulcânicos nas áreas sujeitas a esse fenômeno”, acrescenta.   

O primeiro estudo, publicado na Communications “Earth & Environment”, foi conduzido por uma equipe ítalo-britânica, com participação de Anna Gioncada e Carolina Pagli, da Universidade de Pisa, e Gianmaria Tortorici, da Universidade de Florença.   

Os pesquisadores reconstruíram a evolução do rift (fratura na crosta terrestre) no Triângulo Afar nos últimos 2 milhões a 2,5 milhões de anos, com a datação de 16 extratos de lava, demonstrando que a zona ativa da fratura vem se estreitando e deslocando de forma assimétrica.   

O segundo estudo, liderado pela Universidade de Southampton, no Reino Unido, com participação da Universidade de Pisa e publicado na Nature Geoscience, analisou mais de 130 amostras de lava. Os resultados indicam que o manto sob Afar se move e se distribui de maneira diferente nos três ramos do rift (Mar Vermelho, Golfo de Áden e Rift Etíope), dependendo da velocidade de expansão e da espessura da crosta. (ANSA).