Chuvas intensas e rajadas de vento atingiram, nesta quinta-feira (26), o estado da Flórida, no sudeste dos Estados Unidos, onde moradores se preparam para a chegada do furacão Helene, que ameaça provocar uma maré ciclônica mortal de até seis e ventos muito fortes.

O Centro Nacional de Furacões (NHC) de Miami informou que a tempestade, que se desloca a grande velocidade, alcançou a categoria 3 esta tarde, com ventos de 193 km/h nas águas quentes do Golfo do México.

“Os caçadores de furacões da Força Aérea consideram #Helene um furacão grande e perigoso”, destacou na rede social X.

O NHC espera que Helene toque o solo na costa de Big Bend, na Flórida, ou perto dali, durante a noite. Mais cedo, o centro de furacões não poupou palavras para advertir sobre a tempestade: “TODA a costa do Big Bend da Flórida está em risco de maré ciclônica potencialmente catastrófica”.

Os aeroportos de Tampa e Tallahassee já foram fechados, e o governador da Flórida, Ron DeSantis, instou os residentes a apressarem os preparativos finais antes da chegada da tempestade.

Cerca de 125 mil casas e comércios ficaram sem eletricidade.

“Esperamos uma inundação por maré ciclônica entre 4,5 e 6 metros acima do nível do solo”, alertou o diretor do NHC, Mike Brennan.

“Isto corresponde à parte superior do segundo andar de um prédio. De novo, nesta parte da costa da Flórida vai ocorrer um cenário nunca visto antes”, afirmou. As ondas “podem destruir casas, mover carros e o nível da água vai subir muito rapidamente”, advertiu.

– “Vou me refugiar” –

Apesar das previsões, Patrick Riickert se recusou a deixar sua pequena casa de madeira em Crawfordville, uma cidade de 5.000 habitantes no meio do caminho entre Tallahassee e a costa, que provavelmente será devastada por Helene.

A maioria dos moradores já havia saído, mas ele, sua esposa e seus cinco netos “não vão a lugar nenhum”, disse o homem de 58 anos à AFP.

“Vou me refugiar” e enfrentar o furacão, garantiu. Ele fez o mesmo em 2018, quando o mortal furacão Michael, de categoria 5, atingiu o noroeste da Flórida. “Confio na minha fé que Deus me manterá a salvo”, acrescentou.

No povoado costeiro de Alligator Point, David Wesolowski não quer correr riscos diante da passagem do furacão. “Se se mantiver no curso, isto vai ficar muito diferente depois”, disse antes de levar sua família para um terreno mais elevado em Tallahassee.

O NHC alertou para até 510 milímetros de chuva em pontos isolados do interior, além de inundações potencialmente fatais e “numerosos” deslizamentos de terra no sul dos Apalaches.

Vários estados estão na rota potencial da tempestade e já estão sendo atingidos por ventos fortes e chuvas intensas. As águas das inundações nas cidades ao redor da baía de Tampa tornaram as estradas intransitáveis, mostrou a imprensa local.

O risco de tornados era elevado no norte da Flórida, na Geórgia e nas Carolinas do Sul e do Norte.

A maior parte da Geórgia, que, assim como a Flórida, se encontra em estado de emergência, foi posta em alerta para inundações, enquanto o Tennessee se preparou para condições de tempestade tropical em todo o estado.

– Da Flórida ao Tennessee –

“Este será um evento que afetará vários estados e que pode ter um impacto significativo”, disse a administradora da Agência Federal para a Gestão de Emergências, Deanne Criswell, aos jornalistas na Casa Branca, depois de informar o presidente Joe Biden sobre a situação.

“O presidente quer garantir que todos prestem atenção aos possíveis impactos dessa tempestade, que podem colocar vidas em risco”, declarou.

O governador DeSantis mobilizou a Guarda Nacional e milhares de profissionais para possíveis operações de busca e resgate, assim como restabelecimento de energia.

Um trecho de costa de 402 km, da Baía de Tampa à Cidade do Panamá, está em alerta devido ao furacão.

Helene já atingiu a Península de Yucatán, no México, onde ficam vários resorts turísticos.

Se as previsões meteorológicas se confirmarem, Helene será o furacão mais potente a atingir os Estados Unidos em pouco mais um ano. O furacão Idalia, de categoria 3, atingiu o noroeste da Flórida em agosto de 2023.

Nas últimas semanas, tempestades históricas atingiram várias partes do globo.

Para os cientistas, as mudanças climáticas, que aquecem as águas oceânicas, tornam mais provável a rápida intensificação das tempestades e aumentam o risco de furacões mais poderosos.

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