O casal presidencial prestou, nesta terça-feira (17), homenagens às vítimas do massacre racista ocorrido no sábado em Buffalo.

Pouco depois de sua chegada a esta cidade no estado de Nova York, noroeste dos Estados Unidos, o presidente Joe Biden e sua esposa, Jill, visitaram o supermercado Tops, local do ataque.

Eles se aproximaram de uma montanha de flores, mensagens e velas deixada sob uma árvore. Biden passará algumas horas nesta cidade na fronteira com o Canadá, onde dez afro-americanos foram mortos.

O presidente, de 79 anos, quer “compartilhar a dor” das famílias e “reconfortá-las”, disse sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, nesta terça-feira.

Ele fará um discurso para qualificar o ato “como o que é: terrorismo motivado por uma ideologia de ódio perversa, que divide nosso país”, segundo um funcionário da Casa Branca.

O país de 330 milhões de habitantes é, frequentemente, palco de crimes motivados pelo racismo e pela violência das armas de fogo.

– Armas de fogo –

Ciente de que seu Partido Democrata não contará com maioria suficiente, Biden pretende, ainda assim, incentivar o Congresso a “atuar para que as armas de guerra não circulem em nossas ruas” e para que as “armas de fogo não caiam em mãos de criminosos, ou de pessoas que sofrem doenças mentais”.

Há tempos, o presidente pede a proibição de fuzis, como os utilizados no sábado. Foi o que a Nova Zelândia fez depois do ataque contra a Christchurch, em 2019, que inspirou o acusado em Buffalo, Payton Gendron, de 18 anos.

Biden quer tornar obrigatória a verificação de antecedentes criminais e psiquiátricos dos compradores de armas de fogo. Estas iniciativas são barradas recorrentemente pela oposição republicana, defensora do direito constitucional ao porte de armas e com forte apoio do poderoso lobby do setor, a Associação Nacional de Rifles (NRA, na sigla em inglês).

Somente este ano, a organização Gun Violence Archive já contabilizou mais de 200 “tiroteios em massa”.

– “Motivado pelo ódio” –

Uma das mais graves matanças aconteceu no último sábado, cometida por um jovem branco com fuzil de assalto, que matou dez afro-americanos em um supermercado de Buffalo. Segundo as autoridades, foi “um crime racista motivado pelo ódio”.

Antes do massacre, Gendron publicou um manifesto racista de 180 páginas, no qual se define como “fascista”, “racista”, “antissemita” e adepto da teoria conspiracionista da “grande substituição”.

Biden costuma relembrar que decidiu entrar na corrida pela Casa Branca depois de uma manifestação da extrema-direita em agosto de 2017, em Charlottesville (Virgínia, sul). No ato, uma mulher perdeu a vida, atropelada por um neonazista que jogou seu veículo contra um grupo de ativistas antirracismo.

O presidente designou uma equipe governamental para representar todas as minorias e nomeou Brown Jackson para a Suprema Corte, a primeira negra da instituição. Fracassou, contudo, na hora de votar uma legislação federal que protege o acesso das minorias às urnas, um direito ameaçado nos estados do Sul, governados por republicanos.

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