Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) – A empresa de diagnósticos médicos Fleury anunciou nesta terça-feira que formou uma parceria com a Atlântica Hospitais, controlada indiretamente pelo Bradesco, e com a Beneficência Portuguesa para tratamento preventivo do câncer.

Juntos, os parceiros devem investir cerca de 678 milhões de reais no projeto nos próximos cinco anos. Os recursos serão aplicados em clínicas oncológicas e centros de tratamento de maior complexidade pelo país, disse o Fleury, explicando que a nova companhia terá associação paritária dos sócios.

O Bradesco é controlador também Bradesco Diagnósticos, que por sua vez detém cerca de 30% da Fleury.

O anúncio ilustra como empresas de saúde no Brasil estão se movimentando para diversificar receitas, explorando mercados especializados de alto crescimento e maiores margens, ao mesmo tempo em que um processo de consolidação no setor avança rapidamente.

Além disso, a Câmara dos Deputados aprovou em fevereiro a incorporação obrigatória de novos tratamentos por planos e seguros de saúde, incluindo para combate ao câncer.

Em março, a Oncoclínicas anunciou a compra de 49% da empresa espanhola de pesquisa de tratamentos para pacientes com câncer MEDSIR por cerca de 32 milhões de reais. Um mês antes, havia anunciado a compra da Cemise, de Sergipe, que faz ressonância magnética e tomografia.

A Elfa, que distribui medicamentos, produtos ortopédicos e hospitalares de alta complexidade, como para tratar pacientes com câncer, entrou nos últimos anos num ritmo de crescimento via aquisições desde a entrada do Patria, que detém cerca de 85% do capital. Nos últimos anos, foram 19 aquisições.

No caso do Fleury, a transação vem após a companhia ter sido cobrada a fazer movimentos mais ousados de expansão não orgânica para fora de seu mercado principal de diagnósticos médicos para melhor medir forças com grandes grupos verticalizados de medicina, que se formaram no país nos últimos anos por meio de aquisições, como Hapvida e Rede D’Or.

A nova companhia de Fleury, Atlântica e BP se baseia em um modelo de operação “focado na jornada completa e com ênfase no diagnóstico precoce, emprego de tecnologia e acolhimento do paciente, oferecendo uma forma de pagamento baseado no desfecho e na gestão das vidas em carteira”, afirmaram as empresas sem dar detalhes.

A conclusão da transação precisa de aprovação do Cade e do Banco Central.