O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou, na semana passada, o senador e ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia ocorre no âmbito do caso envolvendo também Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Trata-se do episódio da “rachadinha”: apropriação pelo parlamentar de parte do salário de seus funcionários. O MP concluiu que esse esquema teria sido colocado em prática por Flávio, e o chefão da operação seria Queiroz. A mulher de Flávio, Fernanda Bolsonaro, também consta da denúncia: é acusada de participar de transações imobiliárias ilegais ao lado do marido e de recebimento de depósito de R$ 25 mil efetuado por Queiroz. Caso a Justiça aceite a denúncia, todos se tornarão réus — Queiroz já se encontra preso, recolhido a seu domicílio. Relatório do Coaf mostra que pelo menos R$ 1,2 milhão foi movimentado de maneira atípica na conta do ex-assessor. A casa do filho do presidente da República caiu a partir do contundente depoimento ao MP de sua ex-funcionária parlamentar Luiza Sousa Paes. Ela abriu o jogo reconhecendo que repassava até 90% de seu salário (cerca de R$ 5 mil) para Queiroz. Entre 2011 e 2017 entregou a Queiroz R$ 160 mil. Luiza apresentou provas materiais, inclusive a de abertura de uma conta em agência bancária no interior da Alerj. Na denúncia, está expresso: Flávio teria se apropriado de dinheiro público ao embolsar parte do salário de seus funcionários legislativos, uma vez que essa remuneração sai do erário. Isso configuraria o peculato. O segundo crime: ele teria lavado a dinheirama. O terceiro: para colocar a lavanderia em funcionamento veio a necessidade de montar a quadrilha.

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Fernanda Bolsonaro

Mulher de Flávio, fez, segundo o MP, ilícitas transações imobiliárias e recebeu R$ 25 mil de Queiroz — dinheiro de funcionários do gabinete do marido

Ela fez a casa cair

Luiza Souza Paes foi a primeira ex-funcionária a confirmar que repassou R$ 160 mil a Fabrício Queiroz. Sua declaração ao MP foi definitiva para a denúncia. Ela afirmou que chegou a abrir uma conta em uma agência bancária no interior da Alerj para sacar o salário e, imediatamente, depositar 90% dele na conta de Queiroz.

ARTE
Museus leiloam obras para pagar contas

Museus dos EUA e da Inglaterra estão enfrentando dificuldades financeiras decorrentes da pandemia — primeiro
foi o fechamento e, agora, mesmo com relativa flexibilização no isolamento social, os visitantes desapareceram. Assim, raridades podem ir a leilão. Mas as vendas causam indignação entre os apreciadores de arte. O Museu de Baltimore, nos EUA, imaginava arrecadar R$ 374 milhões leiloando telas (foto) de Andy Warhol, Clyfford Still e Brice Marden. O pregão acabou cancelado após uma série de protestos. Enquanto isso, a londrina Royal Academy of Art insiste em se desfazer de uma escultura de Michelangelo avaliada em R$ 743 milhões.

RIO DE JANEIRO
A guerra política entre tráfico e milícia

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A polícia do Rio de Janeiro já sabe que foram traficantes que atentaram contra a vida do vereador Zico Bacana (foto). Agora, o que se investiga é se a tentativa de assassiná-lo deve-se à alguma ligação que ele possa ter com milicianos. A região de apoio eleitoral do vereador está há tempo em guerra: Complexo do Chapadão, na Pavuna. O tráfico ainda impera nessa área e lá se vão dois anos de tiroteios e atentados porque a milícia quer para si o local. A infiltração do crime organizado nas eleições cresce assustadoramente no estado: quinze candidatos já foram identificados pela polícia como integrantes de diversas milícias.

SOCIEDADE
O sofisticado e caro chocolate indígena

Além de plantarem cacau em uma prática já milenar, os yanomamis estão, agora, produzindo chocolate em barra para vender nos mercados fora das aldeias indígenas. Quem empresta a tecnologia e os ensinou a usá-la é o chocolatier César De Mendes. Em média, os yanomamis cobram R$ 50 por barra de cinquenta gramas. A receita, é claro, leva cacau. E também toques de frutas vermelhas, nozes e castanhas.