Flamengo e São Paulo entram em campo para o primeiro jogo da final da Copa do Brasil neste domingo, no Maracanã. O confronto não só reúne dois dos principais clubes do futebol como também uma clássica rivalidade regional: Rio de Janeiro contra São Paulo. Os dois Estados, pioneiros no esporte no País, jogaram pelo troféu da competição em outras três ocasiões, sendo uma delas a decisão mais recente, de 2022, entre Flamengo e Corinthians, quando os cariocas saíram vencedores. No retrospecto histórico, no entanto, a vantagem é dos times paulistas.

O rubro-negro esteve na primeira final interestadual, em 2004. Naquela temporada, o representante de São Paulo foi o Santo André, que chegou pouco cotado, mas ganhou o título dentro do Maracanã. No ano seguinte, outra “zebra”: o Paulista, recheado de jogadores que até foram para a seleção brasileira posteriormente, superou o Fluminense sem sofrer nenhum gol nas partidas decisivas. Somente 17 anos depois é que os cariocas levaram a melhor pela primeira vez, e em 2023, eles têm a chance de empatar a estatística.

O Estadão relembra todas as finais entre Rio e São Paulo na Copa do Brasil. O jogo da volta da final está marcado para o outro domingo, dia 24, no Morumbi.

FLAMENGO X SANTO ANDRÉ (2004) – O “SEGUNDO MARACANAZO”

Um ano depois de perder a Copa do Brasil de 2003 para o Cruzeiro, o Flamengo chegava a mais uma decisão do torneio, dessa vez fazendo o segundo jogo em casa e contra o emergente Santo André, de Péricles Chamusca, que ainda era pouco conhecido no cenário nacional. Todo o favoritismo caía para os rubro-negros, e o clima de “já ganhou” foi uma realidade até o emblemático 30 de junho de 2004.

No primeiro jogo, disputado no antigo Palestra Itália no dia 23, os clubes terminaram igualados em 2 a 2, algo que foi melhor para os cariocas, já que ainda valia o critério do gol fora de casa. Bastava um empate sem gols ou em 1 a 1 no Maracanã para o Flamengo sair campeão – e mesmo que o clube estivesse na vice-lanterna do Campeonato Brasileiro, tinha em seu elenco nomes como Júlio César, Ibson e Felipe, que poderiam decidir um duelo tão importante.

Em campo, a história foi outra: após um primeiro tempo empatado por 0 a 0, o Santo André, focado e bem acertado, marcou na segunda etapa com Sandro Gaúcho e Élvis e venceu por 2 a 0, fazendo a festa frente a mais de 70 mil rubro-negros. Dedimar, capitão da equipe na época, chamou o feito de “segundo Maracanazo”, em referência à perda da Copa do Mundo de 1950 pela seleção brasileira no estádio diante do Uruguai.

FLUMINENSE X PAULISTA (2005) – O COMEÇO DO “MANCINISMO”

Além de ser o “caminho mais fácil para a Libertadores”, a Copa do Brasil também sempre serviu como um celeiro de talentos, já que os clubes de menor mídia enfrentam os mais populares e, consequentemente, revelam seus jogadores antes pouco conhecidos. Em 2005, o Paulista de Jundiaí, comandado por Vagner Mancini na Série B, se mostrou ao País.

O “esquadrão” contava com dois nomes que serviram a seleção brasileira posteriormente: o goleiro Victor, ainda reserva na época, e o zagueiro Rever, além de outros que fizeram carreira em território nacional, como Cristian e Marcio Mossoró. Eliminando Juventude, Botafogo, Internacional, Figueirense e Cruzeiro, o time chegou à decisão contra o Fluminense.

O tricolor carioca, que brigava pelo G-4 no Brasileirão, era treinado por Abel Braga, que havia perdido a Copa do Brasil para o Santo André com o Flamengo um ano antes – naturalmente, o favoritismo pendia para o Rio. No entanto, os paulistas não deram chance: a vitória de 2 a 0 no primeiro jogo, em Jundiaí, e o empate em 0 a 0 em São Januário renderam o primeiro título a Mancini e seu “mancinismo”.

FLAMENGO X CORINTHIANS (2022) – CLÁSSICO DO POVO DECIDIDO NOS PÊNALTIS

Após as finais de 2004 e 2005, o terceiro capítulo da rivalidade interestadual só aconteceria 17 anos depois. Flamengo e Corinthians decidiram a edição de 2022 pouco tempo após fazerem as quartas de final da Libertadores da mesma temporada, quando os cariocas levaram a melhor. Era a chance de vingança para os paulistas.

O rubro-negro, comandado por Dorival Júnior, vivia um ótimo momento, já que estava garantido na final continental, enquanto o alvinegro, de Vítor Pereira, tinha sua última chance de levantar um título no ano e encerrar o jejum de 13 sem conquistar a Copa do Brasil. O primeiro confronto, na Neo Química Arena, terminou empatado por 0 a 0, jogando todas as emoções para o Maracanã, que receberia a segunda partida.

No tempo normal, igualdade por 1 a 1, e o desfecho ficou para os temidos pênaltis. Filipe Luís iniciou a disputa desperdiçando para o Flamengo – com isso, bastava para o Corinthians acertar suas penalidades para sair campeão, até que Fagner chutou na trave. Nas alternadas, Mateus Vital isolou sua cobrança e o gol derradeiro ficou nos pés de Rodinei, que converteu e garantiu o troféu para o clube da Gávea.