Embora tenha sido agressivo no mercado trazendo reforços para ganhar a Copa Libertadores e o Campeonato Brasileiro, o Flamengo corre sério risco de terminar mais uma temporada de forma decepcionante.

Ser dono do elenco mais caro da América, avaliado pelo Transfermarkt em 212,10 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão na cotação atual) não garantiu grandes títulos e alegrias à maior torcida do Brasil este ano.

O time rubro-negro foi eliminado nas quartas de final da Libertadores na semana passada pelo Peñarol, cujo elenco tem valor seis vezes menor, e no Brasileirão está a nove pontos do líder, o rival Botafogo, a dez rodadas do fim, embora tenha um jogo a menos.

Os resultados abaixo do esperado e o futebol muito longe do potencial de seus jogadores, nove deles nas seleções de Brasil, Uruguai, Equador e Chile, motivaram a demissão do técnico Tite na segunda-feira e a efetivação do ex-lateral-esquerdo Filipe Luís como novo treinador.

“Hoje, Botafogo, Palmeiras e Fortaleza são os times a serem batidos. O Flamengo não conseguiu se manter competitivo, nem encantar”, escreveu a colunista Milly Lacombe no portal UOL.

– “Problema não é o treinador” –

A chegada do ex-técnico da Seleção Brasileira há um ano foi considerada um “tiro certo” para recolocar a equipe nos eixos, num clube de alta exigência por títulos, principalmente depois da passagem do português Jorge Jesus, que ganhou praticamente tuto entre 2019 e 2020.

Tite parecia ser o mais indicado para fazer o Flamengo virar a página do fracasso de 2023, quando o time não venceu nenhuma das sete competições que disputou, terminando a temporada sem grandes títulos pela primeira vez desde 2018.

Mas o treinador, conhecido por seu pragmatismo, conquistou apenas o Campeonato Carioca, em abril, algo aquém das expectativas rubro-negras: o quarto título da Libertadores e mais uma conquista no Brasileirão.

Nos últimos jogos no Maracanã, Tite foi hostilizado pela torcida, impaciente com a pobre produção ofensiva da equipe.

“O problema do Flamengo não é o treinador, passaram os melhores do Brasil por lá (…) a torcida do Flamengo não só ficou mal-acostumada com o Jorge Jesus, mas também acha realmente que só eles têm direito de vencer”, disse o ex-zagueiro uruguaio Diego Lugano, comentarista da ESPN.

“O futebol nunca foi assim, você perde mais do que você ganha. O Flamengo vai ter que ter aí uma mudança de mentalidade, senão vai continuar devorando treinadores”, acrescentou Lugano.

– Lesões e jogadores em baixa –

Desde que Jorge Jesus deixou o clube, em meados de 2020, o Flamengo teve oito técnicos: Domènec Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho, Paulo Sousa, Dorival Júnior, Vítor Pereira, Jorge Sampaoli e Tite.

Entre as passagens de todos eles, o time conquistou seis títulos, incluindo o Brasileirão de 2020 e a Libertadores de 2022, apenas um a mais do que na ‘era Jesus’.

Nesta terça-feira, o Flamengo anunciou Filipe Luís como novo técnico até o final de 2025.

Muitos alertam também para as responsabilidades de jogadores e principalmente dos dirigentes, criticados pela aparente ausência de um projeto esportivo.

O elenco estrelado do Flamengo foi reforçado nesta temporada com jogadores importantes, como o uruguaio Nicolás de la Cruz, que veio do River Plate, adversário direto dos times brasileiros na Libertadores.

No total, o clube carioca gastou quase R$ 300 milhões em contratações em 2024, um número exorbitante para o mercado sul-americano.

Vários dos reforços e dos jogadores que já estavam na equipe tiveram um rendimento oscilante na temporada, especialmente o ídolo Gabigol, que não tem permanência garantida para 2025.

O time também perdeu nomes importantes por lesão, como o lateral uruguaio Matías Viña e os atacantes Everton Cebolinha e Pedro.

A esperança, por enquanto, recai na estreia de Filipe Luís, de 39 anos, como treinador profissional.

O ex-lateral prometeu nesta terça-feira um futebol ofensivo para tentar salvar o ano nas duas competições que restam: o Brasileirão e a Copa do Brasil, pela qual o Flamengo faz o primeiro jogo da semifinal nesta quarta-feira, contra o Corinthians.

“Sempre pressionando e atacando os adversários. Muitas vezes vamos correr riscos exagerados para jogar do jeito que a torcida do Flamengo quer”, disse Filipe Luís em sua apresentação. “Eu vou correr esse risco, não tenho medo”.

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