A temporada do Flamengo tem superado expectativas em campo e também em suas receitas. O time está na final da Copa Libertadores e deve fazer a melhor campanha da história dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro, torneio que lidera com uma folga de dez pontos de vantagem para o segundo colocado, o Palmeiras.

A torcida está comparecendo em grande número aos jogos e tem contribuído para o orçamento milionário com bilheterias. O clube arrecadou até agora R$ 77,3 milhões como mandante. Somente na goleada por 5 a 0 sobre o Grêmio na semifinal da Libertadores foram levantados pouco mais de R$ 8 milhões. Em 2018, o Flamengo faturou R$ 45 milhões.

Apesar da evolução, os números ainda são modestos se comparados ao orçamento de grandes equipes da Europa. O Flamengo deve faturar em 2019 cerca de R$ 700 milhões, com bilheterias, patrocínio e cotas de TV. O Barcelona chegou a R$ 4,3 bilhões de arrecadação na temporada 2018/2019, campeão do Espanhol.

“A participação da bilheteria do Flamengo no orçamento é baixa comparado ao potencial que o clube tem. O Flamengo deveria ter pelo menos 25% do faturamento vindo do estádio”, diz Amir Somogi, sócio-diretor da Sports Value, empresa de marketing esportivo.

A arrecadação do jogo contra o Grêmio no Maracanã foi a terceira maior da história do futebol brasileiro. A liderança desse ranking é do duelo entre Atlético-MG e Olimpia, do Paraguai, pela final da Copa Libertadores de 2013. Na ocasião, o time brasileiro venceu por 2 a 0 e arrecadou pouco mais de R$ 14 milhões. A segunda posição da lista é a partida entre Flamengo e Athletico-PR também na temporada de 2013, com vitória da equipe carioca por 2 a 0. A renda registrada foi de R$ 9,7 milhões.

Para o especialista ouvido pelo Estado, o desafio dos clubes brasileiros está em desatrelar a bilheteria ao desempenho do time na temporada. “Fora do País, você vê pouca alteração. O programa de ir ao jogo na Europa é mais importante do que o resultado”, disse. Ou seja, o europeu vê partidas do seu time mesmo se ele não vai bem na competição.

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Se houver menor variação, o clube conseguirá melhorar o planejamento para a temporada. “Claramente, nenhum dirigente joga bilheteria lá em cima em seu orçamento anual porque vai depender do resultado de campo. A saída é a venda antecipada das cadeiras. O nosso sistema é “doente” por só lotar estádio se o clube está na ponta ou na parte inferior da tabela. O time do meio tem dificuldade de lotar o estádio. Enquanto o Flamengo fatura R$ 77 milhões, outros clubes faturam R$ 5 milhões”, diz.

Os clubes brasileiros também enfrentam o desafio de tentar equilibrar o dinheiro arrecadado nas arenas ao longo do ano. Como o Brasil tem a moeda desvalorizada em relação ao euro, por exemplo, o tíquete médio de um jogo é baixo se houver a conversão. Nas partidas do Flamengo, o valor médio do ingresso é de R$ 48, cerca de 10 euros. Somente Corinthians e Palmeiras possuem ingressos com preços mais altos.

“Sou contrário a qualquer ingerência estatal, qualquer controle de preço no futebol. O mercado tem de ditar as regras. Mas o clube também tem de ter consciência social. Tem de estipular parte do estádio para torcedor de menor renda, para escolas públicas… Tem de fazer trabalho social. Tem muito jogo com espaço vago nas arquibancadas que poderia ser ocupado por torcedor de menor poder aquisitivo”, defende Amir.

O Flamengo deixará de faturar como mandante na final da Libertadores, que neste ano será em jogo único. A decisão contra o River Plate acontecerá no dia 23 de novembro, em Santiago, no Chile. Os clubes dividirão a renda do confronto. No Campeonato Brasileiro, a equipe ainda fará mais cinco jogos em seus domínios. Mesmo se ganhar o torneio nacional com antecedência, a tendência é a de que o flamenguista continue acompanhando seu time no Maracanã.


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