O retorno do Banco Nacional Suíço (SNB) à rentabilidade no primeiro trimestre de 2024 não sinaliza que os riscos decorrentes do seu balanço tenham desaparecido, afirma a Fitch. Em relatório, a agência aponta que espera que o SNB mantenha uma posição patrimonial positiva, enquanto os seus grandes amortecedores permitirão uma retomada das distribuições de lucros a partir de 2025, apoiando as receitas do governo.

Após dois anos de perdas, o SNB obteve um lucro de 58,8 bilhões de francos suíços (7,4% do PIB de 2023) no primeiro trimestre, à medida que os retornos líquidos dos investimentos em moeda estrangeira recuperaram acentuadamente, aponta a Fitch. O banco central construiu uma carteira de investimento cambial muito grande no seu balanço, impulsionada pela sua abordagem de política monetária de 2009-2021, que incluiu intervenções cambiais para combater os riscos deflacionários num ambiente de taxas diretoras muito baixas, afirma a agência.

Obter lucros não é um objetivo do SNB. A carteira cambial muito grande significa que registrará perdas quando o franco se valorizar, uma vez que os lucros são avaliados a mercado no franco suíço e os seus investimentos cambiais não estão cobertos. O SNB não introduziu uma tendência para a venda de divisas na sua reunião de junho de 2024, e “não esperamos que se envolva em vendas de divisas em grande escala no curto prazo, dado que as pressões inflacionárias diminuíram”, aponta a Fitch. Contudo, os amortecedores em termos de capital próprio retido também são maiores do que os de outros bancos centrais nacionais na Europa, o que deverá permitir ao SNB retomar as distribuições de lucros assim que regressar ao lucro líquido positivo, avalia a agência.

“As receitas do SNB devem, por lei, ser afetadas a provisões para reservas cambiais e depois a uma reserva de distribuição. Qualquer excesso pode então ser transferido como lucro para os governos cantonais e federal. O regresso do SNB à rentabilidade deverá, portanto, fortalecer o equilíbrio fiscal global da Suíça”, conclui.