O diretor sênior de instituições financeiras da Fitch Ratings para América Latina, Claudio Gallina, afirmou que a crise deflagrada pela pandemia de coronavírus deve impactar a inadimplência dos grandes bancos e também a rentabilidade dessas instituições. “Os bancos estão revisando os seus portfólios de crédito, mas, no geral, todos os setores serão afetados. Alguns menos como saneamento e energia. E outros mais, como varejo, serviços, transportes, aviação, turismo, petróleo e commodities em geral”, disse ele, em teleconferência na tarde desta quarta-feira, 1º de abril.

A Fitch está monitorando diariamente os bancos brasileiros nesta crise, a despeito das medidas de isolamento social, segundo Gallina. Na última segunda-feira, a agência revisou a perspectiva do setor bancário do Brasil, de estável para negativa, devido à piora da pandemia global de coronavírus.

Para o diretor de bancos da Fitch, Jean Lopes, além da inadimplência e da rentabilidade, a crise também deve contribuir para aumentar a concentração bancária no Brasil.

Outro efeito, na sua visão, será uma redução ainda maior do número de agências físicas no País devido ao maior uso dos canais digitais durante a pandemia. “Terá um maior uso do mobile e internet”, acrescentou.

Sobre os grandes bancos públicos, os especialistas da Fitch veem essas instituições mais bem preparadas para enfrentar a crise. Como exemplo, citaram o reforço de capital visto nos últimos anos. Em especial a Caixa Econômica Federal, conforme Gallina, há ainda o caixa feito com a venda de ativos como, por exemplo, a operação com as ações da Petrobras.

Ele lembrou ainda que os bancos públicos contam com instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCD), emitidos durante o governo petista, que ajuda a reforçar o capital dessas instituições. “Os bancos podem não devolver o volume que possuem de IHCD, o que é um forte reforço no capital para enfrentar a crise”, avaliou o diretor da Fitch.

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