A Fitch informou em comunicado que reviu em baixa, de 4,2% a 3,5%, sua projeção para o crescimento da economia mundial neste ano. A agência diz que a perspectiva “tem deteriorado de modo significativo”, conforme os desafios inflacionários se intensificam e “a invasão da Rússia na Ucrânia ameaça a oferta de energia global”. O texto lembra ainda que a inflação deve ser mais elevada do que o antes esperado, nesse contexto.

Economista-chefe da Fitch, Brian Coulton comenta no texto que a inflação global mostra uma força que não era vista “pelo menos nas últimas duas décadas” e nota que “isso começa a parecer como um momento de mudança de regime de inflação”.

Um choque potencialmente grande na oferta global reduzirá o crescimento e levará para cima a inflação, prejudicando a retomada da pandemia, diante da invasão da Ucrânia e das sanções econômicas contra a Rússia, que se seguiram após a oferta de energia global ter ficado “em risco”, aponta a Fitch. “As sanções não devem ser retiradas em breve”, aposta.

A Fitch lembra que a oferta da Rússia representa cerca de 10% da energia global, incluindo 17% do gás natural e 12% do petróleo. Um salto nos preços de petróleo e gás geraria mais custos para a indústria e reduziria a renda real dos consumidores.

Para a zona do euro, a expectativa da Fitch para o avanço do PIB em 2022 recuou de 4,5% a 3,0%. Para os EUA, ela foi cortada de 3,7% a 3,5%. “Isso se reflete pelo freio com os preços mais altos de energia, mas também pelo ritmo mais rápido das altas de juros que o antes antecipado”, comenta a Fitch. Para 2023, a agência diz ter revisado a projeção para o crescimento global de 3,0% a 2,8%.

O comunicado da Fitch diz que a inflação ao consumidor na zona do euro deve ficar em média em 5% em 2022, diante dos preços mais altos do gás na União Europeia. Para os EUA, ela projeta que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) deve ter um pico de 9% e ficar em média em 7% em todo este ano.

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A Fitch diz ainda projetar um total de sete altas de juros em 2022 pelo Fed, de 25 pontos-base cada. Já para o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês), ela espera que a política monetária siga relaxada, com mais cortes de juros e no compulsório bancário, além de relaxamento fiscal. “Mas com riscos à perspectiva para consumo no curto prazo diante das restrições com a covid-19 e o mercado imobiliário fraco, projetamos crescimento de apenas 4,8%, abaixo da meta oficial” da China, aponta.

Ainda segundo a agência, os desafios com a inflação e os choques na oferta podem pesar mais sobre o crescimento global caso eles exijam um aperto mais abrupto pelo Fed, se os preços do petróleo superarem US$ 150 o barril por um período sustentado e se houver racionamento disseminado no setor de energia na Europa.


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