BRASÍLIA (Reuters) – Auditores fiscais federais agropecuários decidiram nesta terça-feira iniciar uma “operação padrão” em todo o país em protesto após a categoria ter sido preterida da inclusão no orçamento de 2022 de um reajuste salarial, de acordo com a entidade representativa da categoria, a Anffa Sindical.

De acordo com o sindicato, a operação vai “manter o ritmo normal de trabalho somente nas atividades que podem afetar diretamente o cidadão, como a liberação de cargas vivas, a fiscalização de bagagens de passageiros e de animais de companhia (pets)”.

Não estava claro imediatamente o impacto que o protesto terá para a exportação de produtos agrícolas, como soja, cuja temporada de embarques deve retomar força nos primeiros meses de 2022.

“A operação também não atingirá cargas vivas, produtos perecíveis e o diagnóstico de doenças e pragas, evitando comprometer programas de erradicação e controle de doenças importantes para o Brasil, à exemplo da Febre Aftosa, à Peste Suína Africana (PSA) e de pragas que poderiam colocar em risco políticas sanitárias do setor agropecuário”, informou.

A operação padrão dos fiscais agropecuários, vinculados ao Ministério da Agricultura, é a segunda paralisação de uma categoria após servidores da Receita Federal terem decidido entrar em greve depois que não foi garantido o bônus por produtividade deles no orçamento.

A movimentação das categorias tem como pano de fundo a decisão do presidente Jair Bolsonaro de incluir na peça orçamentária do próximo ano reajuste apenas para os policiais da esfera federal, PRF e PF. Após pressão do governo, o Congresso incluiu a previsão do aumento apenas dessas categorias no orçamento, gerando reclamações de outras áreas do funcionalismo.

O sindicato destacou ainda que a carreira está sem reajuste salarial desde 2017, enquanto as demais carreiras de auditoria e fiscalização tiveram vencimentos corrigidos em 2018 e em 2019.

(Reportagem de Ricardo Brito)